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O crime organizado no Pará já age como se fosse dono do estado. Desafia as leis, as autoridades e se coloca acima de tudo e de todos. Foi assim durante os governos do PSDB e do breve mandato da petista Ana Júlia Carepa, quando a violência disparou em todas as regiões, chegando ao nível de intolerância de hoje. Mal o novo governo assumiu assumiu e com apenas 17 dias de governo, já são sete PMs mortos e outros tantos sob ameaça. As ordens partem de dentro das cadeias, onde arde a chama da impunidade.
Força sem força
Leia mais:Helder Barbalho pediu 500 homens da Força Nacional de Segurança para combater os bandidos que impõe terror no estado e matam friamente quem os reprime. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, está mandando 200 homens. É uma força restrita, acanhada, que acumula derrotas por onde passou, sobretudo no Rio de Janeiro. Por via das dúvidas, o governador anuncia que vai retirar dos gabinetes de órgãos oficiais, MP e Judiciário, além de tribunais de contas, cerca de 1.000 PMs. Nada, contudo, substitui a inteligência e a logística no combate a essas facções. Ou elas serão derrotadas ou colocarão o Pará de joelhos.
Tucanos em debandada
Realmente, eleição faz milagre. E o milagre surge quando o político percebe que seus planos podem ir por águas abaixo se não se adaptar à realidade. Vejam o que aconteceu no ninho tucano, hoje em polvorosa com o final do governo de Simão Jatene. Em Ananindeua, segundo maior colégio eleitoral do estado, metade da turma do PSDB já pulou a cerca partidária e caiu nos braços do governo de Helder. A direção estadual tucana tenta segurar o ímpeto de outros adesistas. Está difícil: a vontade de comer – e sobreviver – é maior que o tamanho estômago. A gula anda incontrolável.
Fica, mas não te quero
Aliás, é digno de uma peça teatral sobre o absurdo, o comportamento da direção do PSDB no caso do vereador tucano dr. Daniel, que foi expulso do partido pelo diretório municipal de Ananindeua, mas mantido na legenda pelo comando estadual. Com mais de 100 mil votos na eleição para deputado estadual, Dr. Daniel caiu nas graças de Helder e teria sido ungido a presidente da Assembleia Legislativa. O pior é que a camisa de força para ele deixar o PSDB só abrirá em 2021. Até lá, fica entre a cruz e a caldeirinha. Rejeitado, mas amarrado, de um lado. Acolhido e paparicado, de outro. O boi voa, basta olhar o céu da política regional.
Demite, contrata
A máquina governamental suporta 110 mil servidores? Sim, dá para o gasto. Aliás, se enxugasse um pouco mais ficaria melhor. Para quem já teve mais de 130 mil, superlotando salas e gabinetes, o ajuste se molda às necessidades. Servidores envelhecem e se aposentam, é preciso repor pessoal, porque o serviço não pode parar. As demandas são enormes, o contribuinte, que sustenta isso tudo, quer agilidade e eficiência. O equilíbrio está no concurso público, que se faz necessário sob qualquer circunstância.
Cidadão armado
Era esperada essa gritaria toda contra o decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza a posse de arma pelo cidadão comum. As exigências para ter uma arma em casa, ou na fazenda, são rígidas. O resto não passa de hipocrisia diante das 62 mil mortes por armas de fogo, todos os anos, em plena vigência do tal estatuto do desarmamento.
_________________________BASTIDORES____________________
* Foi o ex-presidente Lula, em 2003, quem sancionou a lei, desarmando os cidadãos e proibindo a posse de arma. O projeto que inspirou a decisão de Lula era de autoria do então senador Gerson Camata, falecido dias atrás.
* O quantitativo total de homicídios praticados no Brasil nos sete anos antes do estatuto foi de 319.412, dos quais 211.562 com arma de fogo, o que resulta numa participação deste meio em 66,23% dos assassinatos.
* Já nos sete anos posteriores, foram mortas no país 346.611 pessoas, 245.496 das quais com armas de fogo, ou 70,83% do total.
* Resumo: após a vigência do Estatuto do Desarmamento, os crimes de morte tiveram, em relação ao total de assassinatos, um aumento de 4,60 pontos percentuais, ou 6,95%.