Correio de Carajás

Bateu na trave

O segundo turno da eleição para o governo do Pará, em 2018, é diferente do segundo turno de 2014. Desta vez, ao contrário de quatro anos atrás, a vantagem de Helder Barbalho é muito maior. E será muito difícil o opositor Márcio Miranda revertê-la. Em 2014, o emedebista venceu o primeiro turno com 49,9% dos votos válidos, enquanto o então adversário, Simão Jatene, obteve 48,5%. No último domingo, o placar foi 47,8% contra 30,2% favorável a Helder.

Milagre de votos

O marketing de Miranda terá de produzir um milagre para contrariar a tendência das urnas. Helder venceu em 121 dos 144 municípios, enquanto Miranda ganhou em apenas 23. E com um detalhe: o emedebista venceu nos dois maiores colégios eleitorais do estado, Belém e Ananindeua, onde havia perdido em 2014. A rejeição de Jatene, deduz-se, empurrou Miranda para o abismo.

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Goleada eleitoral

Quase um ano antes da eleição de domingo passado, a coluna já alertava para a importância das redes sociais no planejamento e execução de uma campanha eleitoral. Muitos desprezaram essa força, gastaram dinheiro com velhas fórmulas de fazer política e quebraram a cara. Um ou outro que apostou na novidade, gastando pouco dinheiro, se deu bem. O exemplo da avassaladora vitória de Jair Bolsonaro, no primeiro turno, com quase 50 milhões de votos sem praticamente ter tido tempo de propaganda eleitoral, deixou claro que a Internet pode eleger, assim como derrotar, qualquer candidato.

Números poderosos

Na semana da eleição, pesquisa do Instituto Datafolha mostrou que 40 por cento dos eleitores de Bolsonaro, candidato do PSL compartilham notícias sobre política brasileira e eleições no WhatsApp, contra 22 por cento dos eleitores de Fernando Haddad, do PT. Segundo Emmanuel Publio Dias, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em Marketing Político, a importância da internet, em geral, e das redes sociais em particular, é clara, mas a televisão continuou tendo um papel importante, apenas não a propaganda obrigatória em rádio e TV.

Horário perde força

Para Emmanuel Dias, não foi à toa que o candidato vencedor do primeiro turno é um excelente utilizador das redes sociais e não agora na campanha, ele começa desde o ano passado, formando um poderoso e numeroso grupo de militantes multiplicadores, investindo no impulsionamento e no direcionamento de mensagens. O analista, porém, faz uma ressalva: “a opinião pública não é formada apenas por programa no horário político, e eu diria até que é a coisa menos importante que tem. Tanto que a eleição deste ano começou quando o candidato levou aquela facada em Juiz de Fora. A partir daí o assunto eleições entra na mesa dos brasileiros”.

E as fake news?

Sobre a proliferação de mentiras, as chamadas fake news, o especialista em marketing apresenta um ponto de vista diferente. “A gente não tem ainda a métrica real pra saber a quantidade de fake news que a gente teve em relação às milhões de notícias não fake news que circularam pelas redes. Eu diria que a fake news é um preço barato que se paga pela liberdade de expressão e pelo uso da comunicação por uma parcela majoritária da população que até então não tinha acesso a nenhuma plataforma de influência no cenário eleitoral”.

 

_______________________BASTIDORES________________________

 

* Mais da metade da Assembleia Legislativa do Pará foi renovada e o surgimento de novos partidos, na composição de forças, ensejará um equilíbrio e muita negociação pelo futuro governador, seja ele Helder Barbalho ou Márcio Miranda.

* Entre os novos partidos aparecem PSL, PHS, PMN, PSOl e Solidariedade. Grandes partidos, por sua vez, elegeram menos deputados do que na eleição de 2014.

* O MDB, por exemplo, tinha oito, agora tem seis, enquanto o PSDB, que tinha seis, caiu para cinco. DEM, PT, PSD e PR, cada um, terá três deputados.

* Chamonzinho, com mais de 63 mil votos, foi o campeão de votos entre os seis emedebistas eleitos. Caso Helder seja eleito, o ex-prefeito de Curionópolis deverá ser o líder do governo na Alepa.