Correio de Carajás

ALERGIA ALIMENTAR III

Em relação as alergias alimentares, de forma geral, existem alguns testes laboratoriais que podem colaborar, mas nunca substituir, a história clínica. Nos casos de alergias mediadas por IgE, a mensuração da IgE, a mensuração da IgE específica, para o alimento suspeito pode ser realizada de duas maneiras: Teste cutâneo de hipersensibilidade imediata (prick teste), e, determinação de IgE sérica especifica.

      Teste cutâneo de hipersensibilidade imediata (prick teste): extratos do alimento, disponíveis comercialmente, são depositados em forma de gotas no antebraço do paciente. A escarificação da epiderme, com utilização de um puntor, faz os mastócitos teciduais entrarem em contato com o antígeno e, nos indivíduos predispostos, há formação de pápula, traduzida pela liberação de histamina dessas células. Pápulas maiores de 3 milímetros de diâmetro são consideradas positivas.

      Os testes de contato (patch testes) parecem ter boa correlação com reações tardias, mas ainda não foi estabelecida padronização de leitura que permita o seu uso disseminado. Até o momento, o único método fidedigno para o diagnóstico de alergia alimentar (padrão ouro) é o teste de provocação oral, quando os exames laboratoriais e ou os testes cutâneos são negativos ou inconclusivos.

Leia mais:

      O teste de provocação oral consiste na oferta do alimento suspeito, em doses crescentes e sob supervisão médica, para avaliação e conduta de determinadas situações, inclusive o choque anafilático. Caso seja descartada a hipótese de alergia alimentar, a avaliação de intolerância ou outras avaliações fisiológicas e anatômicas deve ser realizada por meio de exames específicos.

      A história de anafilaxia grave com alimento isolado e presença de anticorpo IgE específico para o alimento causal contraindica a realização do desencadeamento. Uma vez avaliada a necessidade do teste, deve-se ponderar os riscos e benefícios com o paciente e/ou sua família. Se houver a mais remota possibilidade de reação aguda e/ou grave, o teste deverá ser realizado na presença do médico e sob condições que possibilitem socorro imediato.

      Podem ser necessários ainda: teste de tolerância à lactose, testes de absorção intestinal, PHmetria esofágica (um ou dois canais), exame contrastado do trato gastrintestinal, endoscopia do trato gastrintestinal, biópsia de intestino, entre outros, sempre por indicação do gastroenterologista pediátrico.

      Apesar do risco de reações alérgicas graves, que podem culminar em morte, até o momento não existem outras medidas terapêuticas além da eliminação absoluta dos alérgenos responsáveis e do uso de medicamentos sintomáticos para as crises. O tratamento dietético do paciente com alergia alimentar consiste na exclusão do alimento comprovadamente implicado no desencadeamento dos sintomas.

      Nessa fase, é muito importante a avaliação nutricional, capaz de indicar possíveis substitutos para que a dieta continue nutritiva e palatável. Além disso, uma vez que o alérgeno pode estar presente de forma oculta em vários alimentos e outras fontes, como produtos de higiene pessoal, hidratantes, etc., pacientes e familiares devem ser orientados a ler atentamente os rótulos dos produtos industrializados. Quando for comer fora, sempre pergunte ao garçom ou ao chefe de cozinha quais são os ingredientes utilizados no preparo do prato.

       Mantenha com você um kit de emergência sempre abastecido de medicação dentro da validade, incluindo inclusive, um auto-injetor de epinefrina. Procure seu médico e peça orientações. As crises de anafilaxia são mais comuns do que podemos imaginar, porém muitas pessoas não sabem como reagir ao ver uma pessoa tendo um ataque anafilático.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.