Correio de Carajás

Aberração no judiciário

Aberração no judiciário (1)

“Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”. O adágio popular se encaixa como luva em uma aberração contida na Nova Orgânica da Magistratura Nacional (Loman). Em um trecho do projeto aparece um benefício para filhos de magistrados que afronta a sociedade brasileira. Ele cria auxílio-educação para filhos com até 24 anos de juízes, desembargadores e ministros do Judiciário em escolas e universidades privadas. Quem pagará? Nós.

Aberração no judiciário (2)

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Pensou que era só isso? Tem coisa igual ou pior. A Nova Loman prevê também auxílio-moradia equivalente a 20% do salário; transporte, quando não houver veículo oficial; reembolso por despesas médicas e odontológicas não cobertas por plano de saúde, além de licenças para estudar no exterior com remuneração extra. Não é vergonha, é escárnio mesmo.

Saldo macabro

Um sociólogo, Thomas Mitschein, e um estatístico, Jadson Chaves, sugerem em livro algumas “medidas emergenciais” para impedir que a violência exploda no Pará até 2021. O livro será lançado em agosto próximo e traz números de 2013 e 2016, durante o governo de Simão Jatene, sobre homicídios na região metropolitana de Belém. Foram 4.753 pessoas assassinadas, sendo que dois terços (62%) desses crimes ocorreram na capital. É saldo macabro, de guerra civil nas ruas.

Políticas sociais

Thomas e Jadson afirmam no livro que se as camadas mais pobres e populosas da população paraense não compartilharem as riquezas materiais e culturais, por meio de investimentos do governo em políticas sociais e econômicas, haverá um “notável crescimento na taxa de homicídios na Região Metropolitana de Belém”. Lógico que eles não têm bola de cristal para prever isso. E nem precisa. Por exemplo, o número de jovens sem ocupação é um fato assustador.

Educação e segurança

A dupla de professores sugere que para combater isso é preciso que o governo adote um planejamento adequado nos próximos três anos. Para eles, as mudanças passam por reforço nas áreas de educação e segurança e mais projetos para combater a desigualdade social. Sem isso, qualquer esforço será semelhante ao ato de enxugar gelo.

Apoio às mulheres

Cinco medidas emergenciais, segundo Thomas e Jadson, poderiam ser tomadas para derrubar os índices de criminalidade. Uma delas seria a criação de cooperativas para mulheres nos bairros e distritos onde maior é a violência. Essas cooperativas seriam voltadas para a segurança alimentar, moradia e saúde.

Merenda na escola

Outra medida importante: merenda de qualidade nas escolas. Nesse quesito, pequenos e médios agricultores teriam emprego e renda, trabalhando para produzir a merenda mais nutritiva para ajudar no desenvolvimentos físico e intelectual dos estudantes. Ideias não faltam. O problema é tirá-las do papel e pô-las em prática.

Índices em queda

A Polícia Civil exibe números nos quais houve expressiva queda nos índices de crimes violentos na região que cerca a capital paraense e na própria cidade, se comparados os primeiros seis meses do atual governo com os últimos seis meses do governo anterior. Em homicídios, a redução alcança 27%, na região metropolitana, e quase metade, em Belém. O delegado-geral, Alberto Teixeira, afirma que a polícia trabalha com afinco para que esses índices caiam ainda mais.

 

 

__________________________BASTIDORES_____________________

 

* Guardas de segurança que trabalham em carro-forte reclamam da saúde e do estresse, diante do risco diário que correm nas estradas do Pará, transportando dinheiro para agências bancárias.

* Um setor de trabalho que cresce no Pará, apesar da pouca divulgação, é o de cuidador de idosos. Aposentado que mora sozinho é quem mais recorre a esse tipo de profissional.

* No Brasil, de acordo com o IBGE, a população idosa com mais de 60 anos no ano 2.000 era de 14,5 milhões de pessoas, um aumento de 35,5% ante os 10,7 milhões em 1991.

* Hoje esse número ultrapassa os 29 milhões e a expectativa é que, até 2060, suba para 73 milhões com 60 anos ou mais, o que representa um aumento de 160%.