Correio de Carajás

A tradição da pesca do mapará no Rio Tocantins pelas lentes de Toninho Castro

A abertura da pesca do mapará é patrimônio cultural e imaterial do Estado, e faz parte do calendário de eventos de Cametá

Pesca do Mapará marca o fim do período do defeso no Rio Tocantins e reúne centenas de pessoas/ Fotos: Toninho Castro

Um espetáculo a céu aberto que ultrapassa gerações. O cenário é o Rio Tocantins, já os protagonistas são os ribeirinhos e o mapará. O peixe volta a ser o destaque no dia 1° de março, data que marca o fim dos quatro meses de defeso e o reinício da pesca. O retorno cheio de simbolismo é eternizado pelas lentes do fotógrafo cametaense Toninho Castro.

Radicado em Belém, Toninho sempre retorna a Cametá nesse período para fotografar a abertura da pesca do mapará, local onde o peixe é símbolo da culinária e uma das principais fontes de renda dos ribeirinhos após o período de defeso, época de suspensão da pesca, que vai de novembro a fevereiro, para a reprodução dos peixes.

Foto: Toninho Castro

Para Toninho, “transformar essa tradição dos pescadores através da fotografia é importante para preservar e valorizar as culturas locais”. O profissional acredita ainda que, por meio das fotografias compartilhadas por ele, um público cada vez maior conhece a riqueza cultural da região, além de sensibilizar mais pessoas sobre a importância da conservação da Amazônia.

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Na busca dos melhores ângulos e cliques, uma das estratégias do fotógrafo é conectar-se com a comunidade antes de fazer os registros. “Busco entender seus costumes, rituais e estabelecer uma relação de confiança, o que me permite capturar momentos mais autênticos e emocionantes”, revela.

Foto: Toninho Castro

Há 10 anos retratando o evento, história é o que não falta para o profissional das lentes. “Quase sempre a gente se delicia logo depois com o peixe que é pescado, e muitas vezes a ansiedade é tanta que o peixe até escorrega do prato, e uma vez o cachorro acabou pegando um mapará inteiro e comeu com toda a espinha”, diverte-se ao lembrar.

Fotógrafo Toninho Castro é apaixonado pelo evento tradicional no município de Cametá/Foto: Toninho Castro

Pescaria sincronizada  

As imagens do fotógrafo evidenciam um verdadeiro trabalho em equipe, os pescadores dividem-se por funções. Primeiro, um grupo navega para encontrar os cardumes do mapará. Assim que são localizados os demais ribeirinhos são avisados, e seguem para o local.

Os pescadores formam uma espécie de corredor na largura do rio, dando início ao chamado “bloqueio” ou “borqueio”, técnica usada para cercar os peixes. A bordo de suas embarcações coloridas, os pescadores lançam a rede, e outro grupo de pescadores mergulham no rio para posicioná-la.

Quando o mapará já está na rede os pescadores vão fechando o “corredor”. A mesma técnica é utilizada por outras comunidades ribeirinhas ao longo do percurso que compõe as ilhas do baixo Tocantins. (Theíza Cristhine)