Correio de Carajás

A nossa enchente

A cidade de Marabá é banhada principalmente pelos rios Tocantins e Itacaiúnas, O também caudaloso rio Araguaia desemboca no rio Tocantins a cerca de 30 Km acima de nossa cidade. O aglomerado de pessoas é um hábito comum no início das cheias local. Visto que geralmente ficam em galpões com várias famílias dividindo provisoriamente um mesmo espaço.

A enchente em Marabá e região depende exclusivamente das chuvas ao longo das cabeceiras destes rios. Os que aqui convivem há mais tempo sabem que as cheias geralmente são calmas e graduais, permitindo que a população das áreas mais baixas atingidas pela cheia dos rios sejam retiradas a tempo e sem maiores prejuízos.

Para a criançada uma novidade, para os moradores dessas regiões mais baixas um tormento, para a gestão municipal época de cuidados maiores. Isto em virtude de suas peculiaridades com a população envolvida que nesta época do ano fica mais exposta às doenças sazonais. Os órgãos envolvidos proporcionam galpões e casas temporárias em locais mais altos à população atingida.

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Ao subir o nível das águas, também procuram as partes mais altas animais como ratos, cobras, lagartos, aranhas, escorpiões… Os quais podem atingir seres humanos causando agravos à saúde. O ideal é sempre prevenir através da vigilância constante mantendo limpa a área comum habitada. Caso seja atingido procure serviço de atendimento médico para conduta adequada.

A leptospirose pode ser adquirida pelo contato com a urina contaminada de rato. É uma doença aguda debilitante caracterizada principalmente por dores musculares difusas, que acomete principalmente a panturrilha das pernas, associada a uma pele de coloração amarelo avermelhada. Trata-se facilmente com o uso de antibiótico especifico, no entanto a progressão da doença poderá comprometer seriamente órgãos vitais.

A Dengue está sempre presente na região, na época das chuvas os sítios de criação do Aedes proliferam ainda mais. As caixas d’aguas abertas, os vasilhames diversos, as águas empossadas são ambientes perfeitos de proliferação do agente transmissor, o mosquito Aedes aegypti. Em caso de suspeita de Dengue procure atendimento médico na rede básica de saúde, na grande maioria dos casos apenas uso de sintomáticos estabiliza o quadro. Em caso de complicações ou suspeita de hemorragia procure ambiente médico hospitalar.

Água potável é aquela em que os padrões de potabilidade estão assegurados segundo a Organização Mundial de Saúde. Um dos aspectos considerados nessa avaliação é a quantidade de coliformes fecais, fator contaminante que também pode comprometer facilmente a saúde de forma aguda com diarreias agudas.

As crianças e os idosos são os que mais facilmente tem a saúde prejudicada pela ingestão de água não potável. O hipoclorito de sódio em medidas apropriadas pode ser usado com efeito protetor importante, e sua aquisição é feito gratuitamente nos centros de saúde.

A infecção do fígado pela Hepatite A é contagiosa e ocorre através da ingestão de água e alimentos contaminados com matéria fecal. Por causa das enchentes, o risco da água misturada com esgoto aumenta. Na maioria dos casos da hepatite A, cura é espontânea. Porém, podem ocorrer complicações causadas pela doença caso ela não seja tratada.

A gripe e o resfriado comuns nessa época do ano proliferam com facilidade. Hábitos de higiene adequados, e o uso de líquidos à vontade contribuem para uma recuperação rápida. Manter o ambiente claro e ventilado pela luz natural é outra medida eficaz. Casos de tuberculose pulmonar e de Hanseníase devem ser investigados e tratados para evitar a proliferação da doença em abrigos comuns de famílias diferentes.

Proporcionar a higiene grupal, evitar a sujeira e acúmulo de lixo são medidas essenciais na promoção na saúde. Restos de comidas atraem moscas, ratos, cobras, cães. gatos. A destinação adequada do lixo e dos restos de comida faz parte da prevenção na saúde coletiva. O uso de vacinas de rotina para o idoso e para as crianças é outra medida de saúde coletiva que tem resultado positivo na saúde geral no enfrentamento das alterações climáticas sazonais.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.