Correio de Carajás

Valentina é sepultada com cortejo de quase 200 veículos; Família pede justiça

O imenso cortejo chegou a causar lentidão e até a paralisação do trânsito ao longo do trajeto / Foto: Drone Correio

Era por volta das 8 horas da manhã, quando cerca de 150 veículos entre motos e carros e quase 50 caminhões, iniciaram o cortejo de despedida da pequena Maria Valentina Gomes Costa, de cinco anos de idade, que faleceu cinco dias após sofrer um trágico acidente na BR-222, causado por Artur Lima Gonçalves. O cortejo iniciou na Rodovia BR-230, próximo ao Posto do Bolinha e seguiu rumo a Igreja Quadrangular no Núcleo Morada Nova.

Os veículos possuíam faixas amarradas na frente de seus veículos e os vidros com frases escritas pedindo justiça pela vida de Valentina e Wasnor Gomes. Um trio elétrico puxava o cortejo – que impressionou pelo seu tamanho – com uma voz ao microfone que conclamava justiça, ecoando por onde passava e chamando a atenção de todos pela buzinação.

O trajeto seguiu da BR-230 na Cidade Nova, passando pela rodovia até chegar no Km 6, onde tomou rumo para o Núcleo São Félix, pela Rodovia BR-222. Tanto na ponte sobre o Rio Itacaiunas, quanto na ponte sobre o Rio Tocantins, houve travamento do trânsito, além da própria lentidão causada pelo cortejo.

Leia mais:
Em Morada Nova, mais condutores se juntaram ao cortejo / Foto: Josseli Carvalho

A Reportagem do Correio de Carajás acompanhou o percurso até a chegada em Morada Nova, onde lá, conversou com familiares de ambas as vítimas. O tio materno de Valentina, Lucas Siqueira, em poucas palavras, disse que a família se encontra indignada com tudo que aconteceu. “Queremos que a justiça seja feita, isso não pode ficar assim”, reivindicou.

O irmão de Wasnor Gomes, Lucas Reis de Oliveira, tio paterno de Valentina, também acompanhava o cortejo e comentou a Reportagem que toda a família se encontra arrasada pela perda da criança. “Não queremos confusão, apenas que a justiça seja feita. Eu e meu irmão fomos criados juntos, mesmo após a separação de nossos pais. Batalhamos noite e dia com nossos caminhões para dar sustentar nossas famílias. Ele (Artur) precisa pagar pelo que fez”, pediu.

Lucas Reis, irmão de Wasnor Gomes Neto / Foto: Josseli Carvalho

Na Igreja Quadrangular, em Morada Nova, a mãe, Kelciene Costa, junto com outros familiares, choravam próximo ao caixão da criança, com cabeças baixas e olhares desolados. Atormentada pela perda do esposo e agora da filha, Kelciene preferiu não gravar entrevista.

Kelciene Costa chora a perda de sua filha durante o velório / Foto: Josseli Carvalho

O caixão foi transportado da Igreja até o Cemitério de Murumuru da mesma forma que o de Wasnor, em um “cavalinho”, caminhão sem a parte da carroceria. No trajeto de Morada Nova até a Vila, mais veículos se juntaram ao cortejo, que finalizou com o sepultamento de Valentina, por volta das 11h30. Ela foi enterrada em uma sepultura ao lado da de seu pai.

Tanto o pecuarista Wasnor Gomes de Oliveira, o Lourão, quanto Lúcio Gomes de Oliveira, pai de Wasnor Neto e avô de Valentina, não acompanharam o cortejo e nem se fizeram presentes no velório. Segundo informações de amigos da família, ambos estariam desolados por mais esta perda e não suportaram passar por todo o martírio de um funeral novamente, em tão pouco tempo.

MOTORISTA ESTÁ SOLTO

Artur Lima, investigado como causador do acidente, permanece respondendo ao processo em liberdade provisória, que foi concedida após o pagamento da fiança arbitrada pelo juiz.

O delegado William Crispim, que está responsável pelo caso, continua apurando mais informações e buscando novas testemunhas que possam ter visto Artur antes do acidente, e confirmar seu estado alcoólico. Apesar do agravante de mais uma morte pesando no caso, não há a possibilidade de uma prisão preventiva, permanecendo em liberdade provisória. (Zeus Bandeira e Josseli Carvalho)