Correio de Carajás

Transição sem traumas

Transição sem traumas

A transição de governo – quando o vencedor precisa saber como estão as coisas na administração antes de assumir o mandato -, na maioria das vezes é pacífica. Em outras, é conturbada e cheia de problemas. Se a campanha eleitoral deixou sequelas de ataques mútuos e acusações proferidas no calor da busca por votos, o vencido, no poder, cria dificuldades para o vencedor. O governador Simão Jatene, que não concorreu, mas apoiou o candidato Márcio Miranda e foi para as ruas fazer a campanha dele, até agora não criou dificuldades para o futuro governador, Helder Barbalho.

Raio-x das contas

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O advogado Parsifal Pontes, o interlocutor de Helder nessa transição, já está tomando pé da situação das contas estaduais. Saber como andam as finanças é absolutamente necessário para que o novo governador possa ter uma noção concreta de onde conseguirá chegar com suas propostas para o estado. Ele também precisa estar ciente do orçamento aprovado, para que possa adequar seus projetos ao volume de recurso previsto. Além disso, tem de cumprir uma agenda de compromissos legais preestabelecida pela gestão anterior para os primeiros 120 dias de governo. Faz parte do ritual.

Base de governo

Nas contas dos emedebistas, Helder terá mais de 60% dos votos na Assembleia Legislativa para começar sem preocupações na governabilidade. Dos 41 deputados, ele teria entre 27 e 30 aliados de vários partidos, a maioria dos 15 que formaram na coligação para elegê-lo. Quer dizer, não terá dores de cabeça para aprovar os projetos de interesse do executivo. A oposição, segundo cálculos, teria 11 integrantes, mas sem o PT. No segundo turno, o partido apoiou Helder. Isso abriu uma porta para o PT ganhar cargos no governo.

Oposição responsável

Se no governo de Helder as coisas caminham para um começo de gestão sem maiores atropelos, em Brasília a situação não é diferente. No Planalto, embora o PT anuncie uma oposição contundente ao governo de Jair Bolsonaro, outros partidos de esquerda, fora da base de apoio ao presidente, prometem “oposição propositiva”. Ligado a Ciro Gomes, que vive às turras com o PT, o deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT na Câmara, diz que o PT “tem um modus operandi próprio dele”, enquanto o bloco formado por PDT, PSB e PCdoB “tem um outro modelo de oposição”, isto é, “um modelo construtivo para o País”. É esperar para ver.

Sem hegemonia

A campanha presidencial foi ácida e cheia de palavras duras entre os candidatos, mas não deixa de ser auspicioso que se fale em fazer ao governo de Bolsonaro uma oposição que aponte erros e seja competente em meio à ampla maioria que o governo terá para apoiar suas atitudes. Quanto ao PT e sua linha auxiliar, o Psol, haverá problemas para ambos serem aceitos no bloco de oposição a Bolsonaro. O principal deles: o hegemonismo que o PT sempre impôs aos demais partidos. Eles cansaram de ser um “puxadinho” do partido de Lula.

 

_______________________BASTIDORES_____________________

 

* Tucanos emplumados, mas tristes com o desempenho do PSDB na eleição em todo o Pará, tentam juntar os cacos e definir um rumo para o partido, em 2020.

* A eleição para prefeito e vereador será o grande teste para saber se o PSDB terá futuro ou se irá naufragar de vez. No plano nacional, a ascensão de João Dória, governador eleito de São Paulo, terá seus reflexos no Pará.

* Jatene, pelo menos por enquanto, diz a amigos que prefere “descansar” e dar “um tempo”. O senador Flexa Ribeiro, grande derrotado na tentativa de reeleição, emudeceu e evita falar do futuro.

* No MDB, as cartas políticas apontam para outros voos em 2020: o controle das principais prefeituras do estado, incluindo Belém, hoje sob o comando do tucano Zenaldo Coutinho.

* Marabá, Santarém, Ananindeua, Cametá e Castanhal, além da capital, que formam os maiores colégios eleitorais do estado, já têm alguns candidatos. Ao menos nas conversas mais reservadas.

* Nenhum deles, contudo, quer aparecer, foge das sondagens e de eventuais convites. Ainda é cedo e isso pode queimar o filme.