Correio de Carajás

Tosse

A tosse aguda, a qual é definida como duração menor que 21 dias, costuma estar relacionada com infecção respiratória, aspiração ou inalação de substâncias irritantes do sistema respiratório.

A tosse subaguda (presente por 3 a 8 semanas) está geralmente relacionada com inflamação persistente por um episódio de traqueobronquite. A tosse crônica (maior que 8 semanas de duração) pode ser causada por muitas doenças pulmonares e cardíacas. A bronquite crônica relacionada com o tabagismo é uma causa comum.

Se a radiografia de tórax e o exame físico forem normais, outras causas comuns de tosse crônica incluem variante tussigena da asma, doença do refluxo gastresofágico (DRGE), gotejamento pós-nasal relacionado com doença sinusal e medicamentos, incluindo inibidores da ECA.

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A irritação de membranas timpânicas e a bronquite eosinofílica crônica também podem causar tosse crônica com radiografia de tórax normal. A tosse inefetiva pode predispor a infecções respiratórias graves por dificuldade em eliminar secreções respiratórias inferiores.

Secreções anormais nas vias aéreas (p. ex., por bronquiectasias) ou traqueomalácia também podem contribuir para a tosse. Fraqueza ou dor que limitam o uso de músculos abdominais e intercostais também podem levar a uma tosse inefetiva.

Dados importantes da anamnese incluem desencadeantes para o início da tosse, determinantes de aumento ou diminuição da tosse e produção de escarro. Os sintomas de doença nasofaríngea devem ser avaliados, incluindo gotejamento pós-nasal, espirros e rinorreia.

A DRGE pode ser sugerida por pirose, rouquidão e eructação frequente. A variante tussígena da asma é sugerida observando-se a relação do início da tosse com desencadeantes da asma. O uso de inibidores da ECA, mas não dos bloqueadores do receptor de angiotensina, pode causar tosse muito tempo após o início do tratamento.

No exame físico, devem ser avaliados sinais de doença cardiopulmonar, incluindo sons pulmonares adventícios e baqueteamento digital. Deve ser realizado o exame das cavidades nasais, da parede faríngea posterior, dos canais auditivos e das membranas timpânicas.

A avaliação laboratorial deve incluir radiografia de tórax. A espirometria com teste de broncodilatador pode avaliar a reversibilidade da obstrução ao fluxo aéreo. Em caso de espirometria normal, pode ser usado o teste de desafio com metacolina para avaliação de asma.

O escarro deve ser enviado para culturas bacterianas de rotina e, possivelmente, para micobactérias. A citologia do escarro pode revelar células malignas em caso de câncer de pulmão e eosinófilos na bronquite eosinofilica.

Podem ser usadas sondas para medir o pH esofágico ou cápsulas com radiotransmissor para avaliar o DRGE. A TC de tórax deve ser considerada em pacientes com radiografia de tórax normal que não melhoram com o tratamento.

Em pacientes com tosse crônica e radiografia de tórax normal, o tratamento empírico é direcionado para a causa mais provável com base na história e no exame físico. Se o tratamento dirigido para uma causa empírica falhar, deve ser considerado o tratamento empírico de uma etiologia alternativa. O tratamento do gotejamento pós-nasal pode incluir anti-histamínicos, corticosteroides nasais, anticolinérgicos e/ou antibióticos. A

DRGE pode ser tratada com antiácidos, bloqueadores histamínicos tipo 2 ou inibidores da bomba de prótons. A variante tussígena da asma é tratada com glicocorticoides inalatórios e beta-agonistas inalatórios quando necessário.

Os pacientes que usam inibidores da ECA devem fazer um teste suspendendo a medicação por um mês. A bronquite eosinofílica crônica geralmente melhora com o tratamento à base de glicocorticoides inalatórios. O tratamento sintomático da tosse pode incluir narcóticos como a codeína; porém, isso pode causar sonolência, constipação e adição.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.