Correio de Carajás

Paciente Cirúrgico IV

Finalmente concluindo a coluna com o tema Paciente Cirúrgico. O exame completo do paciente cirúrgico inclui o exame físico, determinados procedimentos especiais como endoscopia digestiva, exames laboratoriais, radiografias e exames de acompanhamento. Em alguns casos, todos estes poderão ser necessários; em outros, exames especiais e exames laboratoriais podem ser reduzidos ao mínimo necessário.

      Uma regra útil é observar primeiro o aspecto físico e os hábitos gerais do paciente e, em seguida, inspecionar cuidadosamente as mãos. Várias doenças sistêmicas são evidenciadas nas mãos (cirrose hepática, hipertireoidismo, doença de Raynaud, insuficiência pulmonar, insuficiência cardíaca e distúrbios nutricionais).

      A inspeção, a palpação e a ausculta são os passos essenciais tradicionais para a apreciação das condições normais e anormais. A comparação dos dois lados do corpo geralmente sugere uma anormalidade específica. A ligeira inclinação de uma pálpebra característica da síndrome de Horner pode ser reconhecida apenas pela comparação com o lado oposto.

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      A inspeção dos seios femininos, particularmente quando a paciente eleva e abaixa seus braços, irá revelar com frequência uma leve ondulação indicativa de um carcinoma infiltrante dificilmente detectado na palpação. A palpação bem-sucedida requer habilidade e delicadeza.

      O espasmo, a tensão e a ansiedade causados por procedimentos dolorosos no exame poderão tornar um exame adequado quase impossível, particularmente em crianças. Outra característica importante da palpação é a imposição das mãos, o que tem sido reconhecido como parte do exercício da medicina.

      A ausculta, antes considerada área exclusiva do médico, é atualmente mais importante para a cirurgia do que para a medicina clínica. Os exames radiológicos, incluindo o cateterismo cardíaco, rebaixaram a ausculta do coração e dos pulmões ao estado de procedimento preliminar de investigação na medicina.

     Em relação do exame de orifícios corporais, o exame completo das orelhas, da boca, do reto e da pelve é aceito como parte de um exame completo. A palpação da boca e da língua é tão essencial quanto a inspeção. Cada cirurgião deverá adquirir familiaridade com o uso do oftalmoscópio e do retossigmoidoscópio e deverá usá-los regularmente na realização de exames físicos completos.

      Na emergência, a rotina do exame físico deverá ser alterada para se adaptar às circunstâncias. A história poderá ser limitada a uma única frase, ou poderá não existir história se o paciente estiver inconsciente e não existirem outros informantes. Embora os detalhes de um acidente ou lesão possam ser muito úteis na avaliação global do paciente, eles precisarão ser deixados para considerações posteriores.

      As considerações primárias são as seguintes; O paciente está respirando? A via aérea está aberta? O pulso está palpável? O coração está batendo? Está ocorrendo hemorragia grave? Se o paciente não estiver respirando, a obstrução da via aérea deverá ser controlada enfiando-se os dedos na boca e puxando a língua para a frente. Se o paciente estiver inconsciente, deve-se entubar o trato respiratório e iniciar uma respiração boca a boca. Caso não haja pulso ou batimento cardíaco, deve-se iniciar a ressuscitação cardíaca.

      Os exames laboratoriais nos pacientes cirúrgicos têm os seguintes objetivos: Pesquisar doenças assintomáticas que possam afetar o resultado cirúrgico (p. ex., anemia insuspeita ou diabetes). Avaliar doenças que possam contraindicar a cirurgia eletiva ou requerer tratamento antes da cirurgia (p. ex. diabetes, insuficiência cardíaca). Diagnosticar distúrbios que necessitem de cirurgia (p. ex., hiperparatireoidismo, feocromocitoma). Avaliar a natureza e a extensão de complicações metabólicas ou sépticas.

      Exames especiais, como cistoscopia, endoscopia digestiva, colonoscopia, angiografia e broncoscopia são frequentemente necessários para a avaliação diagnóstica de distúrbios cirúrgicos. O cirurgião deverá estar familiarizado com as indicações e limitações desses procedimentos e estar preparado para consultar seus colegas médicos e as especialidades cirúrgicas conforme necessário.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.