O povo quer falar
As audiências públicas pelo interior do Pará, durante o governo itinerante de Helder Barbalho, constituem uma necessidade. Há muita coisa a ouvir. As vozes das ruas querem desabafar, cobrar providências por anos de abandono. Antes, queriam falar, mas não havia quem se dispusesse a ouvi-las. O governo, centralizado em Belém, sob o controle de “iluminados”, dispensava a voz do povo. Não sabe o que perdeu.
E também ser ouvido
Leia mais:Nos anos 50, o Pará teve um governador que ouvia o povo em audiências públicas. Magalhães Barata, que para muitos era um caudilho, mas para outros um democrata sintonizado com as aspirações populares, abria o “Palácio Lauro Sodré”, no centro de Belém, para receber a população. Nada de assessor com caderninho para anotar as queixas e reivindicações. Barata, cara a cara, ouvia todo mundo. E na hora tomava a decisão.
Sujeito, não objeto
Barata também ia ao interior, mas em vez de audiência pública, comparecia na casa de um ou outro caboclo, principalmente o líder político do lugar, que deveria saber o que o povo precisava. Ou seja, o governante, seja na década de 50, como fez Barata, ou hoje, como faz Helder, precisa estar sintonizado com os sentimentos da população. Afinal, é ela quem paga os impostos que sustentam a máquina pública. Aliás, o povo cansou de ser objeto. Ele quer ser o sujeito dos novos tempos.
Bolsonaro aqui
O Brasil inteiro viu cerca de 10 mil pessoas, no aeroporto de Belém e em carreata pela cidade, receber Jair Bolsonaro, então mero postulante à presidência da República. Em nenhum outro lugar do país, dois anos atrás, o homem a quem chamam de “mito”, recebeu tão carinhosa acolhida. Agora, já presidente, três meses depois de assumir o cargo, ele anuncia visita a várias capitais, começando por Belém. Há promessas no ar, que precisam ser cobradas. E devem ser cobradas.
Cosanpa na UTI
Sucateada nos governos tucanos, a Companhia de Saneamento do Pará (Cosanpa) vive dias difíceis. Ela está na UTI financeira, agonizando. Simão Jatene tentou privatizá-la e parece ter falhado, pois ninguém se interessou em comprá-la. O governador Helder Barbalho, em vídeo que circula nas redes sociais, pediu desculpas ao povo paraense pela situação da estatal. Foi um gesto digno, que Jatene não teve. Helder anunciou um empréstimo de R$ 120 milhões para tirar a Cosanpa do buraco.
É agora ou nunca
O relator da Reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Marcelo Freitas, do PSL mineiro, explicou que serão tratados apenas os aspectos técnicos da proposta. Ou seja, nesse momento a CCJ só verá se a proposta pode ser admitida ou não, levando em conta os critérios previstos na Constituição. Também houve reunião com o secretário de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, e o líder do governo para tratar de pontos polêmicos da proposta, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e a aposentadoria rural. Segundo informa a assessoria da Câmara dos Deputados, o bicho está pegando.
_____________________BASTIDORES____________________
* Ninguém sabe qual a posição da bancada do Pará em Brasília, se marchará a favor ou contra a Reforma da Previdência. O PT, como se sabe, é contra, embora não tenha nenhuma proposta.
* O MDB e o PSDB, por outro lado, ainda não decidiram se votarão com o governo ou ficarão em cima do muro, esperando uma oportunidade de negociação com interlocutores de Bolsonaro.
* Helder foi o primeiro governador a se manifestar a favor da reforma, mas isso até agora não se traduziu em articulação junto à bancada paraense para que ela, respeitando-se as naturais divergências, em sua maioria vote favoravelmente a favor do projeto.
* O governador sabe que a Previdência estadual tem um rombo que cresce a cada mês e isso precisa de solução, sob pena de comprometer ainda mais as finanças públicas.
* A Celpa coleciona mais de 17 mil reclamações de consumidores e responde a 11 mil ações na Justiça. É gente que não suporta mais tanto descaso e enriquecimento ilícito da empresa.