Correio de Carajás

O pão do diabo

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O pão do diabo

O governo de Helder Barbalho tenta equilibrar o barco nas águas agitadas da crise econômica que se abateu sobre o país desde o malfadado governo de Dilma Rousseff. Os reflexos pesados dessa cacetada, com magreza de investimentos, podem ser resumidos na queda, já nos primeiros meses de 2019, do repasse de R$ 150 milhões dos cofres federais para o Estado. Trocando em miúdos: o Pará é bom para carregar o Brasil nas costas, mas come da União o pão que o diabo amassou.

Lençol mais curto

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A lógica do caboclo preocupado com o estouro do orçamento familiar é a seguinte: é proibido gastar além do que se arrecada. No governo, que no final do mês precisa pagar o servidor da ativa e o aposentado, o buraco é mais embaixo. Ele não pode deixar de pagar, mesmo que arrecade menos. O socorro, no caso do aposentado e pensionista, vem do Tesouro Estadual. Mas o lençol cada vez encurta mais, descobrindo pés e cabeça.

Inativo e apavorado

Vejam o requinte de crueldade financeira: nos últimos quatro meses, segundo explica a secretária de Planejamento e Administração, Hanna Ghassan, a despesa com a Previdência Estadual foi superior a R$ 1,1 bilhão, mas só entraram no caixa R$ 616 milhões. E nos próximos quatro meses, como isso vai ficar? Hoje, temos pouco mais de 47 mil inativos. Por mês, a média de novos aposentados gira em torno de 108 servidores. E tende a aumentar, inflada pelo medo da reforma da Previdência federal.

Pressão por reajuste

 

É um cabo de guerra por recursos, onde a corda é o Estado. De um lado, os inativos; de outro, os servidores em atividade. No caso desses últimos, ainda há a pauta de reajuste dos salários. Helder tem buscado compensar as perdas, cobrando impostos e taxas de inadimplentes. Se fosse apertar um pouco mais, porém, correria o risco de matar a galinha dos ovos de ouro, no caso os contribuintes. Estes, preferem renegociar suas dívidas a pagar de uma só vez os R$ 10 bilhões que devem ao Estado.

País de bárbaros

Sabe aquela ideia do brasileiro cordial? Esqueça. Isso ficou num passado distante. Somos um país de bárbaros. Matamos e morremos a cada ano com saldo maior do que de muitas guerras declaradas pelo mundo afora. Os números de 2019 do Atlas da Violência, que acaba de sair, provam o que dizemos. Os assassinatos com armas de fogo cresceram 6,8% entre 2016 e 2017. Uma farra sanguinolenta.

Lei é lei?

Em 2017, 65.602 mil pessoas foram mortas no Brasil — um crescimento de 4,2% em relação ao levantamento anterior — sendo que 47.510 mil (72,4%) foram mortas por tiros. Um festival de horrores. Detalhe: tudo isso sob a vigência do estatuto do desarmamento. Ou seja, o problema não está na lei, mas no desrespeito que se nutre por ela.

 

______________________BASTIDORES____________________________

 

* Corre nas redes sociais um movimento de pressão para que o Tribunal de Justiça do Pará derrube a decisão dos desembargadores Mairton Carneiro e Edwiges Lobato, que em abril passado anularam a condenação do ex-deputado Luiz Sefer.

* Sefer foi condenado a 20 anos de prisão em regime fechado pelo estupro de uma menor de 10 anos que saiu do interior do Pará e foi trabalhar como empregada doméstica na casa dele.

* O julgamento do recurso do Ministério Público contra a absolvição de Sefer – o desembargador Leonam Cruz Junior votou pela condenação – ainda não foi pautado.

* A movimentação de mulheres de PMs em alguns quartéis do Estado, que estava crescendo, começou a murchar. Elas estavam impedindo os companheiros de sair para o trabalho, alegando que eles estão morrendo todos os dias nas ruas.

* O promotor militar Armando Brasil, em conversa com a coluna, foi taxativo: “ não trabalhar significa paralisação e isso contraria a próprio Constituição, que proíbe greve de policial militar”.

* Em vista disso, Brasil já teria uma lista de 48 PMs que podem ser punidos por se recusar a sair dos quartéis.

* O vereador de Belém conhecido por Sargento Silvano, esteve ontem no gabinete do promotor, em companhia de mulheres de PMs. Foi pedir que o Brasil ouça o que as mulheres têm a dizer.