Correio de Carajás

Nero amazônico

Nero amazônico

Há um tipo de incendiário na Amazônia que, como um Nero das antigas, adora ver o circo florestal pegar fogo. Ele não está incendiando a mata para expandir a agricultura, preparar o pasto para o gado ou porque desmatou e precisa queimar os galhos excedentes. Faz isso para protestar contra a fiscalização que o flagrou na prática de crime ambiental.

Quadrilha que devasta

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As primeiras investigações sobre os incêndios deste mês de agosto em algumas áreas do Pará, Amazonas e Rondônia apontam que quadrilhas se formaram – sabe-se lá há quanto tempo fazem isso – para chamar a atenção para um fato que as autoridades menosprezavam: esses criminosos se sentem e agem como verdadeiros donos da Amazônia. Quem irá enfrentá-los?

Acusação ao ICMBio

Na região do oeste paraense, a propósito, chamou a atenção a acusação feita pela pecuarista Nair Brizola, de Cachoeira da Serra. Ela foi multada pelo ICMBio por incendiar 70,93 hectares dentro da Reserva Biológica da Serra do Cachimbo, uma das unidades de conservação mais desmatadas do Pará. Ela, revidou, acusando “servidores da área ambiental” na região entre Itaituba e Novo Progresso de estarem queimando florestas. Uma grave acusação que precisa ser apurada.

Incendiários no Zap

Caso Nair esteja mentindo e tenha feito a acusação ao ICMBio para se vingar da multa de R$ 1 milhão que lhe foi aplicada, ela que pague pelo crime. Se falou a verdade, porém, os responsáveis precisariam de punição. De qualquer modo, outro fato, este comprovado, chamou a atenção: um grupo de 70 pessoas reuniu-se na região de Novo Progresso para combinar e executar os incêndios nas florestas. Quem são eles? Que a PF, ao final das investigações, dê nomes aos bois.

Moralistas de cuecas

As queimadas nesta época do ano acontecem há décadas, mas chamaram a atenção da mídia internacional e de países europeus por superarem em larga escala, em algumas áreas, os índices monitorados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e até pela Nasa – agência espacial americana – que vigia o mundo com seus satélites. E aí, a gritaria partiu de todos os lados. Alguns, com razão. Outros, para melar acordos comerciais internacionais do Brasil com a União Europeia, assinados em junho passado. Enfim, autênticos moralistas de cuecas.

Bolsonaro, o tiro no pé

Acostumado a falar muito e fazer menos, o presidente Jair Bolsonaro não deixa de ter sua responsabilidade nesse episódio das queimadas amazônicas. Por vir criticando o Ibama e os órgãos que monitoram a região, Bolsonaro passou a impressão de ter permitido relaxamento na fiscalização. Foi um monumental tiro no pé. Mais um, aliás, desse confuso governo.

___________________________BASTIDORES________________________

* Não foi somente no Pará que criminosos ambientais se reuniram em grupos para incendiar a floresta, prejudicando ainda mais a imagem do Brasil no exterior.

* Em Humaitá, no Amazonas, garimpeiros também se organizaram para destruir e queimar a mata. Naquela cidade, encoberta pela fumaça, os incendiários soltavam fogos em cima de suas balsas.

* Foi mais uma vingança contra a atuação do Ibama, que já fechou garimpos e lavrou pesadas multas contra os garimpeiros. Dois anos atrás, eles incendiaram a sede do órgão e destruíram veículos oficiais.

* Nos últimos 10 anos, mais de 3,2 milhões de vítimas de acidentes de trânsito envolvendo motos e ciclomotores foram indenizadas pelo Seguro DPVAT em todo o país.

* Pelo menos 200 mil pessoas morreram e 2,5 milhões ficaram com invalidez permanente por conta de ocorrências com os dois tipos de veículos. O levantamento inédito foi realizado pela Seguradora Líder, administradora do seguro obrigatório, apresentando dados da categoria que mais mata no trânsito no Brasil.

* Condições climáticas, vias danificadas e sinalização inadequada. Os motociclistas são frequentemente expostos a muitos riscos, mas os índices de imprudência também são altos.

* A combinação destes fatores traça um cenário no qual motocicletas e ciclomotores protagonizam a maioria dos acidentes de trânsito no país.