Correio de Carajás

Março Azul

Várias entidades médicas buscam prevenir e reduzir o número de casos de câncer de cólon e reto (CCR). Por este motivo março é considerado o mês da conscientização e prevenção do câncer colorretal. Durante a campanha Março Azul, alertamos sobre a importância do profissional especializado no diagnóstico e tratamento deste tipo de câncer. O diagnóstico precoce continua sendo a melhor forma de combate da moléstia já instalada.

       A incidência de câncer de cólon e reto (CCR) varia de maneira importante em diferentes partes do mundo. Nos Estados Unidos e no Brasil, os tumores malignos do cólon e reto são o segundo grupo de neoplasias mais prevalentes em mulheres e o terceiro mais comum em homens. É o terceiro câncer mais letal em ambos os sexos. Mais de 95% desses tumores são adenocarcinomas (tumores de células glandulares do epitélio da mucosa) e em mais de 75% são esporádicos (de caráter não familiar).

      O CCR resulta da interação entre fatores genéticos e ambientais. As alterações genéticas que levam ao CCR podem ser adquiridas (gerando o chamado câncer esporádico) ou hereditárias. O desenvolvimento de CCR associado a síndromes hereditárias representa menos de 5% dos casos diagnosticados. Os principais fatores envolvidos na etiologia do CCR estão relacionados a seguir.

Leia mais:

      Fatores protetores – fibras (frutas, vegetais e cereais), constituintes das fibras, multinutrientes como cálcio, folato, selênio, vitamina D, antioxidantes. Fatores de risco – alimentos (gordura, carne vermelha, aporte calórico. Hábitos – fumo, álcool e sedentarismo, hidrocarbonetos aromáticos e aminas heterocíclicas. Grupos de risco – idade acima de 40 anos, antecedentes de adenoma ou adenocarcinoma colo retal, câncer do trato gastrointestinal, câncer ginecológico. Doenças inflamatórias, doenças genéticas, lesão actínica colorretal.

      Em paciente com suspeita de CCR, a avaliação inicial deve ser feita pela história clínica e exame físico. Os tumores do cólon direito apresentam síndrome anêmica com perda de peso, fadiga, mal estar e sangramento intestinal raro. Síndrome tumoral com massa palpável no abdômen à direita. Síndrome dispéptico com diarreia leve a constipação, e dor abdominal à direita.

     Já os tumores do cólon esquerdo se apresentam cólicas, constipação, diarreia, alternância do habito intestinal com diarreia e ou constipação, enterorragia, muco nas fezes, massa abdominal, emagrecimento, astenia, perda do apetite. Subsequentemente, realizam-se exames diagnósticos e para estadiamento. Dependendo dos sintomas mais relevantes, o diagnóstico diferencial deve ser feito com doenças inflamatórias, doença diverticular e até doenças anorretais.

      A colonoscopia constitui a forma mais acurada de examinar todo o cólon, com o benefício adicional de obter biópsias de massas tumorais, ressecar pólipos associados e diagnosticar tumores sincrônicos eventualmente existentes. Constituem contraindicações para a realização de colonoscopia: história recente de infarto miocárdico ou embolia pulmonar, neutropenia, gravidez no segundo trimestre, aneurismas de aorta ou vasos ilíacos, grande esplenomegalia e outras.

      A colografia por tomografia (colonoscopia virtual) é uma forma simples, segura e pouco invasiva de avaliar o cólon. Suas principais indicações são para rastreamento do câncer colorretal em pacientes de alto risco cardiológico ou contraindicações para colonoscopia convencional e para examinar pacientes com colonoscopia incompleta.

      Permite avaliar estruturas e órgãos vizinhos ao cólon, mas não tem potencial terapêutico. Já o exame de enema opaco deve ser reservado para situações em que não é possível realizar a colonoscopia ou quando sua realização é contraindicada por qualquer motivo.

      O estadiamento serve para fazer uma estimativa da disseminação tumoral, avaliando a presença de invasão tumoral local, a distância, na parede intestinal ou em gânglios. Os objetivos do estadiamento são definir a conduta terapêutica, fazer uma estimativa do prognóstico, avaliar a necessidade de tratamento complementar e, no acompanhamento pós operatório, fazer o diagnóstico de recidivas. O tema prossegue na próxima edição de terça-feira.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.