Correio de Carajás

Colelitíase

Os dois principais tipos de cálculos biliares são os cálculos de colesterol e os de pigmento. Os cálculos de colesterol contêm mais de 50% de monoidrato de colesterol. Os cálculos de pigmento possuem menos que 20% de colesterol e são formados principalmente por bilirrubinato de cálcio.

Um milhão de novos casos tem litíase diagnosticados por ano nos EUA. Os fatores predisponentes demografia/genética (maior prevalência nos índios norte-americanos), obesidade, perda de peso, hormônios sexuais femininos, idade, doença ileal, gravidez, hiperlipidemia tipo IV e cirrose.

Em relação aos sinais e sintomas, muitos cálculos biliares são “silenciosos”, isto é, estão presentes em pacientes assintomáticos. Os sintomas ocorrem quando os cálculos desencadeiam inflamação ou causam obstrução do ducto cístico ou do colédoco.

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Principais sintomas: (1) cólica biliar – dor constante e intensa no quadrante superior direito (QSD) do abdómen ou no epigástrio que começa bruscamente, ocorrendo com mais frequência 30 a 90 min após as refeições, durando várias horas e, por vezes, irradiando-se para a escápula direita ou costas; (2) náuseas e vômitos. O exame físico pode ser normal ou mostrar dor à palpação do epigástrio ou QSD.

Apenas 10% dos cálculos biliares de colesterol são radiopacos. A ultrassonografia é o melhor teste diagnóstico. O colecistograma oral foi substituído em grande parte pela ultrassonografia, mas pode ser usado para determinar a patência do ducto cístico e a função de esvaziamento da vesícula biliar.

A seguir descreveremos as vantagens diagnósticas de avaliação do fígado e vias hepatobiliares, tais como: US hepatobiliar: rápido; simultâneo de vesícula biliar, fígado, ductos biliares e pâncreas; identificação dos ductos biliares dilatados; não é limitado por icterícia e gestação; orientação para biopsias com agulha fina.

Tomografia Computadorizada: simultâneo de vesícula biliar, fígado, ductos biliares e pâncreas; identificação dos ductos biliares dilatados; não limitado por icterícia, gás, obesidade e ascite; imagem de alta resolução; orientação para biopsias com agulha fina.

Colangiopancreatografia com ressonância magnética: modalidade útil para visualizar os ductos pancreaticos e biliares; excelente sensibilidade para a dilatação dos ductos biliares, estreitamento biliar e anormalidades intraductais; identifica a dilatação ou estreitamento dos ductos pancreáticos, a estenose do ducto pancreático e o pâncreas divisum.

Colangiopancreatografia endoscópica retrograda: pancreatografia simultânea; melhor visualização do trato biliar distal; citologia biliar ou pancreática; esfincterotomia endoscópica e retirada dos cálculos, manometria biliar.

Colangiograma percutâneo transhepatico: extremamente útil quando os ductos biliares estão dilatados; melhor visualização do trato biliar proximal; citologia/cultura da bile; drenagem transhepatica cutânea.

Ultrassonografia endoscópica: método mais sensível para detectar cálculos ampulares.

O diagnóstico diferencial inclui doença ulcerosa péptica (DUP), refluxo gastresofágico, síndrome do intestino irritável e hepatite. As complicações mais comuns incluem colecistite, pancreatite e colangite. Nos pacientes assintomáticos, o risco de surgirem complicações que tornam necessária uma cirurgia é pequeno.

A colecistectomia eletiva reservada para: (1) pacientes sintomáticos que tenham cólica biliar apesar de dieta pobre em gorduras; (2) pessoas com complicações prévias de colelitíase; e (3) as que apresentam maior risco de complicações, como vesícula biliar calcificada ou em porcelana. Os pacientes com cálculos biliares maior que 3 cm ou com vesícula anômala contendo cálculos também devem ser considerados para cirurgia.

A colecistectomia videolaparoscópica é minimamente invasiva e constitui o procedimento de escolha para a maioria dos pacientes que serão submetidos à colecistectomia eletiva.

Pela frequência da recidiva dos cálculos e eficácia da cirurgia laparoscópica, o papel da terapia de dissolução oral ficou grandemente restrito a pacientes não candidatos à colecistectomia eletiva.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.