Correio de Carajás

Jornal Correio se reinventa em tempos de hashtags

Gosto de folhear o passado pelas páginas do Correio. No arquivo que guardamos com muito carinho todas as edições, desde aquele janeiro de 1983, há histórias que permanecem vivas. Há fotos que nos fazem sorrir, outras chorar e algumas nos levam a refletir.

Todos sabemos que o mundo vem mudando o jornalismo. E vice-versa. Exatamente por isso continuamos com o mesmo compromisso feito há exatos 37 anos. Cada edição que talhamos às terças, quintas e sábados é a essência deste trato. Contempla o que já fizemos com um fitar no que está por vir. A história nunca acaba e por isso estamos nas bancas e na palma das mãos do leitor com novas histórias.

E esta imagem também espelha o jornalismo diante do tempo. Para os #nascimentos que demarcam a sua história – dos espaços públicos de Atenas Antiga à web deste século, dos tipos móveis de Gutenberg (década de 1440) aos caracteres atuais -, foram necessárias certas reinvenções. E reinventar é para poucos.

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Estamos no tempo das hashtag. Elas são necessárias, sim, para alcançar maior número de leitores. E absorvemos as técnicas dessa ferramenta digital para nos aproximar mais ainda do leitor, principalmente da nova geração.

A opinião como notícia e o jornal como palanque, arroubos de uma primeira imprensa, vão se adequando aos gêneros jornalísticos e à #ética, em favor da #credibilidade. A curiosidade nata, que emendava #histórias populares e informações sem muito rigor, é burilada por técnicas de entrevista e de #apuração. Abrem-se #fazeres e espaço para o #aprofundamento.

Aos poucos, a redação se desfez das máquinas de escrever e mesmo da poesia de uma época artesanal; de quando o jornalismo era feito à mão e à memória de reporteiros formados pelas crônicas, pelas ruas e pela boemia. Silencia-se o burburinho das palavras datilografadas, enquanto o pensamento passa a se manifestar no sem-fim #digital.

Perdemos escritores, ganhamos jornalistas diplomados.

Neste ir e vir, ampliam-se o #mundo e os assuntos, muda-se o estilo de dizer, somam-se meios de contar. O tempo acelera enquanto é preciso se demorar na #humanidade. Mas o #olhar e o #sentir daqueles que se destinam a reportar permanecem e seguem transbordando limites.

Agora, investigamos tanto números quanto sentimentos, delações e silêncios. Investigamos, igualmente, sol e chuva e também nos importa a morte dos peixes do Itacaiunas e Tocantins, das castanheiras e até mesmo da Grota Criminosa. Precisamos, mais do que nunca, escrever para significar.

Ao olharmos no espelho do tempo, que ainda seja possível ver o que sonhamos. Há quem conte o tempo pelo envelhecer: a cada ano, ficaríamos mais velhos. E existem os que percebem o tempo pela resiliência: a cada ano, ficaríamos mais sábios.

Nossa equipe de jornalistas se renova frequentemente. Mas ainda procuramos o profissional que vai além da pauta tradicional, que se mistura com o povo, que dele retira as histórias humanas e essenciais para moldar a sociedade.

Do nosso leitor, esperamos compreensão, porque procuramos sempre nos reinventar. Hoje, há muitas maneiras de consumir informação através do CORREIO. Da mesma forma que são muitos e múltiplos os nossos leitores, espectadores, ouvintes e navegadores. A todos estes, dizemos o seguinte: “que o futuro espere tudo de nós”. (Ulisses Pompeu começou a trabalhar no Jornal Correio em 1996, mas sempre parece que foi ontem. Em 24 anos, garimpa palavras para dizer sobre cultura, política, cotidiano e humanidade – com ou sem hashtag).