O termo insônia pode ser utilizado em diferentes contextos, desde o distúrbio do sono específico até como sintoma relacionado a outras doenças. Além de problemas de memória e cansaço mental, se não tratadas de forma eficiente, as noites mal dormidas podem provocar doenças graves como diabetes, problemas cardiovasculares e até prejudicar o controle do movimento do corpo.
A insônia, para Lucila Bizari, é caracterizada por percepção de sono insuficiente relacionada à qualidade ou quantidade de sono, que resulta em sintomas diurnos. Quando indicado, os medicamentos para a insônia devem ser realizados de forma racional e por um período determinado.
Segundo Luciane Carvalho, a prevalência de insônia na população adulta varia de 33 a 50%, sendo 50% com insônia grave, 10% com uso de medicação prescrita. Dentre os fatores de risco temos a idade, mais frequente no idoso; sexo feminino (4:3); comorbidades médicas, psiquiátricas ou por uso de substancias; regime de trabalho, desemprego, trabalho em turno; e baixo status socioeconômico.
Leia mais:Pacientes com quadro de insônia não conseguem se acalmar para dormir, mantem o estado de ansiedade que lhes acompanhou durante o dia e não conseguem relaxar. Muitas vezes referem que estão sonolentos, mas ao chegar à cama despertam completamente. Antes de se deitarem, já imaginam que não vão conseguir dormir e começam a prever suas dificuldades.
Já no leito ficam ruminando o seu dia a dia, pensando, repensando e se preocupando. Esforçam-se para dormir e, constantemente checam se estão iniciando o sono. Obrigam-se a dormir, movimentam-se de um lado para o outro, buscando o melhor conforto para o sono. Nesta luta, e sempre de olho no relógio, podem conseguir um pouco de sono apenas no final da noite, por apenas algumas horas.
Na área da saúde a insônia constante aumenta o risco para doenças metabólicas, acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio. Na área social, relaciona-se a desestruturação das relações por instabilidade emocional. Na área econômica traz baixo desempenho por instabilidade emocional.
Na área econômica traz baixo desempenho das atividades profissionais por disfunção cognitiva; aumento do absenteísmo e afastamentos; acidentes de trabalho, acidentes automotivos; aumento de gastos em consultas médicas, psicológicas e com medicamentos.
Quanto à gravidade, a insônia pode ser considerada leve, moderada e grave. A insônia leve apresenta pequeno impacto sobre as atividades diurnas com irritabilidade ansiedade ou fadiga. A moderada mostra sensível alteração de humor, cansaço e prejudica as atividades diurnas.
Na grave, há alterações de humor como irritabilidade, inquietude e ansiedade, com cansaço ou fadiga intensa, não conseguindo desempenhar suas atividades de forma adequada, apresentando disfunção cognitiva e desequilíbrio emocional.
Quanto ao período de insônia durante a noite, temos insônia inicial, de manutenção e do fim da noite. Na insônia inicial, há uma dificuldade em iniciar o sono à custa de ansiedade, preocupação e inabilidade em “parar de pensar”.
Na insônia de manutenção, desperta-se diversas vezes durante a noite com dificuldade em retornar a dormir. E na insônia de fim de noite, o acordar acontece antes do que se gostaria e, na maior parte das vezes, está associada a sintomas depressivos.
Os fatores perpetuantes são comportamentos que mantem a dificuldade de dormir. Dentre eles, temos o uso de alimentos estimulantes próximo ao horário de dormir, atividade física no período noturno, horários irregulares de ir para a cama a fim de dormir, uso do quarto para outras finalidades que não o sexo e o sono.
É frequente que estes pacientes tenham televisão no quarto, computador, celular e utilizem o leito para planejar o dia seguinte ou mesmo para se alimentar. Estas práticas mantem o estado de alerta e desfavorecem o relaxamento necessário para iniciar o sono.
Antes de ir para a cama, relaxe e esqueça dos problemas. Não consuma bebidas alcoólicas perto do horário de dormir. O vinho, a cerveja, o drinque, o coquetel, todos ajudam a cair no sono, mas interferem na sua qualidade. Não consuma à noite nada que contenha cafeína ou seja estimulante, como café e chá.
* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.