Rios de Encontro, o projeto comunitário socioeducativo e eco-cultural enraizado em Cabelo Seco encerra 2020 com resultados inovadores que apontam caminhos esperançosos para a terceira década do século. Duas artistas que participaram do primeiro Coletivo AfroRaiz (2016-19) foram contempladas na categoria Cultura em Movimento com micro projetos culturais, pela Lei Audir Blanc no município. No mesmo mês, um dos principais parceiros do Rios de Encontro, o Grupo de Trabalhadoras Artesanais Extrativistas (GTAE) de Nova Ipixuna, ganhou uma doação solidária internacional da Alemanha.
Camylla Alves foi contemplada com o Edital Aldir Blanc de auxílio cultural para o micro-projeto ‘O Resgate e a Reinvenção de minha raiz adormecida através da dança afrobrasileira’, com a memória escrita dos oito anos da Cia de Dança AfroMundi com fotos e clips dos espetáculos Raízes e Antenas (2013), Lágrimas Secas (2014), Nascente em Chamas (2015-6) e Deixe Nosso Rio Passar (2015).
“Fico feliz que consegui conquistar esse passo inimaginável, para trilhar minha independência financeira, e manter meu sonho artístico vivo, em tempos tão difíceis. Vai mostrar para outros que vêm depois, como é possível se transformar e se determinar”, celebra ela.
Leia mais:Na semana passada, co-fundadores Adrian Goosses e Michael Widmann de Airpaq, um jovem projeto empresarial de Cologne, Alemanha que recicla lixo em mochilas ecológicas, entraram em contato com o Rios de Encontro, procurando um projeto comunitário amazônico, comprometido com o reflorestamento dentro de uma visão de economia ecológica sustentável.
Dan Baron, coordenador internacional do projeto, logo indicou Claudelice Santos, estudante de Direito da Terra (Unifesspa), irmã do extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, assassinado com Maria do Espírito Santo da Silva, ecopedagoga, em maio de 2011. Eles eram idealizadores do GTAE.
“Rios de Encontro tem uma história de 16 anos com GTAE, que começou com a formação pré-vestibular da primeira turma de Pedagogia de Campo em 2004. Após o assassinato de Maria e Zé Cláudio, nosso projeto vem participando, até hoje, na idealização coletiva da romaria, anualmente, contribuindo com a dimensão cultural e ao registro audiovisual”, explica Dan.
Durante a pandemia, Rios de Encontro realizou quatro lives inter-regionais, o Fórum Bem Viver 2020 virtual, convidando Claudelice Santos do Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira como defensora de justiça ecológica e de direitos humanos. “Claudelice situa conjuntamente com várias parceiras a implantação do sistema agroflorestal (espécies de árvores e arbustos que atraem abelhas que alimentam a floresta e nossas famílias), na visão de cura e uma Amazônia Bem Viver”.
“Estou emocionada! O GTAE vem lutando para manter nosso sonho vivo durante 14 anos, quase sem apoio nenhum. De repente, uma nova geração empresarial transforma Black Friday em Green Friday (Sexta Feira Verde). A doação financeira transformará nosso pequeno coletivo de mulheres em uma entidade legal, reflorestando nosso terreno através da produção de mel, óleos medicinais e de cuidado”, sorri Claudelice, dialogando com os jovens diretores de Airpaq.