No dia 22 deste mês de outubro, às 11h da manhã, no Fórum de Justiça de Marabá, acontece a audiência de julgamento do processo criminal movido pela mineradora Vale contra o professor Evandro Medeiros. Em apoio e solidariedade ao professor Evandro, um grande ato público encabeçado por mais de 10 entidades será realizado a partir das 9h30 da manhã, em frente do prédio do Fórum José Elias Monteiro.
Evandro é acusado de liderar um protesto realizado nas margens da Estrada de Ferro Carajás (EFC), em 20 de novembro de 2015 em solidariedade às vítimas do crime ambiental de Mariana (MG), ocorrido 15 dias antes. Diante desse ataque da Vale ao direito de expor e de denunciar crimes ambientais, o SindUnifesspa vem a público externar total apoio e solidariedade ao professor, que há mais de 20 anos atua como educador.
Evandro integra um grupo de mais de 170 pessoas residentes nos Estados do Maranhão e do Pará, atingidos pela EFC, que são alvo de denúncias da Mineradora Vale. Entre os denunciados estão indígenas, líderes sindicais, líderes comunitários, moradores de áreas atravessadas pela ferrovia, além de professores.
Leia mais:No caso de Evandro, a mineradora moveu dois processos: um na esfera cível e outro na criminal. No processo cível, o professor foi absolvido em segunda instância, por absoluta falta de provas. Mas o julgamento do processo na esfera criminal acontece no próximo dia 22. A mineradora pede a prisão de Evandro.
Para quem ainda não o conhece, Evandro é professor da faculdade de Educação no Campo da Unifesspa. Ele se diz indignado com o fato de o Ministério Público do Pará (MPPA) ter aceitado a denúncia. “O que me deixa com vergonha do sistema de justiça do país é que o Ministério Público aceitou as denúncias da Vale legitimando as práticas de criminalização que é exercitada pela mineradora contras aquelas pessoas que são críticas às atividades de mineração. Aquelas pessoas que se colocam como denunciantes dos crimes da empresa”, afirma.
Entre as entidades que participarão do ato em defesa de Evandro está o Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (SindUnifesspa). Na visão da entidade, esse cenário mostra que a Vale usa a criminalização para desarticular as pessoas mais engajadas em protestar contra a empresa, valendo-se de mecanismos jurídicos para gerar intimidação, de modo que o SindUnifesspa entende que o momento pede mobilização social contra o silêncio que a mineração tenta impor contra os atores sociais que criticam esse modelo neodesenvolvimentista de saque dos recursos naturais em curso no País, sobretudo no Pará e no Maranhão. (Chagas Filho)