Correio de Carajás

Doenças da unha

As unhas, lâminas córneas que se inserem nas extremidades dos dedos e artelhos, desenvolvem-se no feto como espessamentos epidérmicos e servem de proteção às extremidades digitais. À zona córnea apresenta uma parte distal, o corpo, e uma proximal, a raiz.

A unha é aderente ao leito ungueal. Em correspondência à raiz está a matriz, a porção proximal do leito ungueal que produz queratina dura. À raiz é recoberta por prega de queratina mole, o eponíquio. Distalmente ao eponíquio, encontra-se a lúnula, zona esbranquiçada em forma de meia-lua. Lateral e medialmente, encontram-se as dobras laterais.

O corpo da unha, na extremidade distal livre, forma ângulo agudo com o leito ungueal. A zona córnea nessa região é um pouco mais espessada e é denominada hiponíquio. A unha cresce cerca de 2,5 mm a 3 mm por mês. Esse processo requer considerável síntese de proteínas e é influenciado pela nutrição e por diversas afecções.

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Paroníquia é a infecção em torno da unha. Pode ser classificada em aguda e crônica. O tratamento inadequado da paroníquia pode levar a complicações graves, pois, muitas vezes, infecções sérias da mão iniciam-se por pequenas lesões que não foram tratadas corretamente.

A paroníquia aguda geralmente é causada pelo S. aureus e, menos comumente, pelo estreptococo beta-hemolítico e bactérias gram-negativas entéricas, que penetram na intimidade das dobras ungueais por pequenos traumatismos. E mais comum em mulheres devido ao cuidado das unhas em manicures ou a trabalhos domésticos.

Inicialmente, o processo é limitado ao local de entrada do agente infeccioso. Edema e eritema ocorrem na borda lateral ou na base da unha, tornando a região acometida muito dolorosa. Nessa fase, a infecção pode ser resolvida clinicamente. Posteriormente, há formação de coleção purulenta, na borda lateral ou na base da unha, que levanta o eponíquio e pode propagar-se de um lado a outro.

No estágio inicial, está indicado o tratamento clínico. Consiste na utilização de calor úmido (20 min, 3 a 4 vezes ao dia) e antibioticoterapia tópica. Nos casos mais graves, é mandatório o uso de antimicrobianos por via oral para evitar distrofia ungueal permanente.

A paroníquia crônica acomete mais as pessoas cujas mãos estão sempre em contato com água ou expostas a ambientes úmidos e sujeitas a microtraumas repetidos que causam dano cuticular, como lavadeiras e cozinheiras. O tratamento é prolongado e, sempre que possível, deve ser conduzido pelo dermatologista.

Quando a cutícula é lesada, ocorre perda da barreira epidérmica de proteção da prega ungueal proximal, que fica exposta a irritantes e alérgenos. Estes produzem dermatite de contato, responsável pela inflamação crônica. Com a perda da cutícula, a prega ungueal proximal torna-se separada da lâmina ungueal.

Esse novo espaço tem papel importante na manutenção e agravamento da paroníquia, pois é receptáculo para microrganismos e irritantes que potencializam a inflamação crônica. Com o tempo, a unha retrai e torna-se espessada e arredondada. Pode ocorrer infecção secundária por Candida sp. e/ou bactérias (S. aureus, principalmente).

Já a onicomicose é o termo utilizado para denominar a infecção da unha decorrente de invasão por fungos. A maioria das onicomicoses é causada por fungos dermatófitos. Somente 10% delas são causadas por outros tipos de fungos. Estima-se prevalência superior a 10% da população ocidental, podendo acometer até 40% da população idosa e 23% da população infectada pelo HIV.

Os fungos invadem a unha por diversas rotas, levando a infecções com características distintas. Os principais tipos de onicomicose são: subungueal distal e lateral, subungueal proximal, superficial, endonix e distrófica total. O diagnóstico das onicomicoses é feito pelo encontro dos fungos, por meio de pesquisa direta e/ ou cultura em meios selecionados.

Excetuando-se as onicomicoses superficiais, que podem ser tratadas com antifúngicos tópicos após remoção da área afetada, o tratamento das onicomicoses requer o uso de antifúngicos sistêmicos, e deve ser conduzido pelo dermatologista.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.