Correio de Carajás

Corte na carne

A criminalidade que domina o Pará só começa a cair quando as forças de segurança do Estado atacarem também os maus policiais militares que cometem crimes, aliam-se a grupos de extermínios e saem pelas ruas fazendo justiça com as próprias mãos. Precisam ser afastados da tropa, presos e entregues à Justiça. Não pode haver tolerância com quem age fora da lei. E isso é ainda pior quando se trata de agentes a serviço do Estado. Tem que cortar fundo na própria carne.

Maus exemplos

As prisões na semana passada de 18 policiais militares em Belém, suspeitos de dezenas de mortes em execuções sumárias de delinquentes, acendeu o alerta de que é preciso ir mais fundo e afastar do convívio militar quem compromete o trabalho da maioria da corporação. O mau exemplo precisa ser contido. Os criminosos de farda devem ser presos, processados e, se condenados, expulsos da PM e recolhidos a um presídio de segurança máxima.

Leia mais:

Perde anéis, salva os dedos?

A Pró-Saúde sentiu que não terá vida longa na relação com o governo Helder Barbalho e já se prepara para uma saída honrosa. E qual seria essa saída? Uma fonte da coluna diz que a empresa, gestora de oito hospitais nas principais cidades paraenses, deve apelar para a estratégia de perder alguns anéis para não ficar sem os dedos. Traduzindo: ficará feliz se dos 8 grandes hospitais lhe restar uns dois ou três. Só tem um problema: há irregularidades nos contratos de todos. E aí, em vez de segurar três hospitais, corre o risco de ficar sem nada.

Curió e a guerrilha

Homem que combateu com mão de ferro a guerrilha do Araguaia, no sul do Pará, no começo da década de 70, o então major do Exército Sebastião Rodrigues de Moura, o “Curió”, foi novamente denunciado à Justiça pelo Ministério Público Federal (MPF). Na ação, assinada por oito Procuradores da República, ele é acusado de assassinato, tortura e ocultação dos cadáveres de Cilon da Cunha Brum (“Simão”) e Antônio Teodoro de Castro (“Raul”). As duas mortes ocorreram em Brejo Grande do Araguaia, em 1974.

“Ataque generalizado”

Segundo a denúncia, “Sebastião Curió, “no exercício ilegal das funções que desempenhava no Exército brasileiro, em contexto de ataque generalizado e sistemático – e com pleno conhecimento das circunstâncias deste ataque – contra opositores do regime ditatorial e população civil, matou, e ocultou os cadáveres das vítimas, “os quais ainda permanecem ocultos, a fim de apagar os vestígios do crime de homicídio e se manter impune.”

Guerrilha do PC do B

Curió poderá responder pelos crimes de homicídio doloso qualificado e ocultação de cadáver das duas vítimas, já que o crime de tortura, diz o MPF na ação, só foi incluído no Código Penal brasileiro em 1997, décadas após os fatos ocorridos na região conhecida como Bico do Papagaio, divisa entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins. Os guerrilheiros do Partido Comunista do Brasil (PC do B), queriam levar a revolução armada popular do campo para a cidade e derrubar o regime militar. Sofreram implacável repressão.

______________________BASTIDORES__________________________

* A ideia de integrar as regiões do Pará por meio de um governo itinerante é boa porque retira das populações dessas regiões o sentimento de abandono.

* Elas reclamam a presença do Estado e alegam que setores como saúde, educação, saneamento e segurança são itens fundamentais no desenvolvimento. Sem ouvir o povo, o governo fica sem saber a verdade dos fatos.

* Contudo, que tal, além de levar parte da estrutura do governo central para os municípios, ouvir as queixas e denúncias da população, em audiências públicas?

* Seria algo bem mais próximo daqueles que sofrem as agruras das deficiências dos serviços públicos e não têm a quem reclamar.

* O governador, bem assessorado, durante essas audiências, teria informações reais sobre as deficiências do Estado no atendimento ao seu povo.

* Fica a sugestão da coluna. Não dói pensar e sugerir. Afinal, a população quer falar e ser ouvida. Diretamente ao governador.