Correio de Carajás

Esquema Pará

Esquema Pará

Fonte da coluna com acesso à delação premiada do ex-padre Wagner Portugal à Lava Jato do Rio de Janeiro, diz ser explosivo e com venenosos respingos no Pará o que ele relatou no depoimento. Wagner era diretor de Relações Institucionais e de Filantropia da Pró-Saúde, empresa que por aqui comanda 8 hospitais públicos, recebendo mensalmente do governo estadual polpudos pagamentos. Os contratos, com dispensa de licitação, foram assinados durante o governo de Simão Jatene.

Tucanos sem sono

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Wagner abriu a boca e disse ter documentos sobre os contratos da Pró-Saúde com o governo tucano, que nos últimos oito anos da gestão de Jatene superam com folga a dinheirama gasta com ela durante a administração do corrupto e condenado ex-governador carioca, Sérgio Cabral. Aliás, foi Cabral quem abriu a tampa dessa “caixa-preta”, mas Wagner escancarou tudo. A citação do nome do arcebispo dom Orani Tempesta provocou arrepios em Belém, onde ele chefiou a Igreja Católica.

Obras atrasadas

Ao deixar o governo, Jatene transferiu para as mãos do governador Helder Barbalho um pepino que passa de R$ 800 milhões de contratos que ele havia assinado com a Pró-Saúde para ela tocar obras atrasadas que não puderam ser inauguradas pelo tucano. Uma delas, a maior, é a do Hospital Abelardo Santos, em Icoaraci, distrito de Belém. Esse hospital, sozinho e com 90% das obras concluídas, gerou para a Pró-Saúde um contrato de R$ 661 milhões, ou cerca de R$ 10,7 milhões mensais.

Contratos sob lupa

Em crise depois do escândalo no Rio, a Pró-Saúde tenta salvar seus negócios no Pará, mas a situação não está fácil. Helder Barbalho já reuniu seus técnicos e advogados da Procuradoria-Geral do Estado, determinando análise rigorosa de cada um dos 8 contratos mantidos com a Organização Social. Os hospitais dela estão espalhados por Belém, Santarém, Marabá, Ananindeua, Barcarena e Altamira. São contratos com validade até 2.023. Ou seja, extrapolam o tempo de governo do próprio Helder. Não dá para vacilar.

Celpa abusada

Por todo o Pará, apesar das denúncias e da falta de apetite do Ministério Público para apurá-las, a Celpa continua a fustigar seus consumidores, cobrando dívidas muito acima da capacidade de pagamento de trabalhadores pobres. A empresa alega que suas aferições nos registros de consumo de energia estão corretas e cobra também multas por “gatos”. Os consumidores, por sua vez, acusam a Celpa de roubá-los, impor dívidas e não permitir uma vistoria independente nos registros de consumo. Até quando a empresa vai manter esse circo de abusos?

Repasse ilegal

É bom saber que, na legislatura entre 2015 e 2018, a Comissão de Defesa do Consumidor, da Câmara dos Deputados, aprovou uma proposta que proíbe as distribuidoras de energia elétrica – como a Celpa – de repassar para os consumidores os custos relacionados a furtos de energia. É o projeto de lei 8652, de 2017. Ele também já passou pela Comissão de Minas e Energia, onde foi aprovado e agora é avaliado pela Constituição, Justiça e Cidadania, antes de seguir para os votos dos parlamentares. É hora de alertar a bancada federal paraense em Brasília.

___________________BASTIDORES________________________

* Do parlamento estadual chega uma boa notícia: o novo presidente da Assembleia Legislativa, Daniel Santos, há um mês no cargo, já obteve uma economia de R$ 4 milhões nas despesas.

* A folha de pagamento da Alepa, para se ter uma ideia, consume por mês R$ 27 milhões dos R$ 32 milhões que recebe de repasse do Estado. Daniel enxugou a folha e diz que ainda vai fazer outros ajustes.

* O ex-presidente da Alepa e candidato derrotado na eleição para o governo em 2018, Márcio Miranda, proclamou durante a campanha ter deixado em caixa cerca de R$ 10 milhões para o sucessor.

* O pessoal da área financeira da Alepa procurou os R$ 10 milhões e não encontrou. O que foi constatado é que não sobrou nada. O dinheiro foi empregado nas despesas do poder.

* A operação da PF na UFRA, semana passada, terá desdobramentos. É só aguardar.