Perguntas no ar
De Carajás a Barcarena, passando por Paragominas e Oriximiná, as comunidades que vivem no entorno das imensas barragens de rejeitos das empresas mineradoras ainda buscam respostas para perguntas que podem significar a vida ou a morte: há risco de uma catástrofe paraense muito maior que a de Mariana e Brumadinho juntas? As mineradoras dizem que não. Mas quem, sinceramente, acredita nelas? A fiscalização federal e estadual pode passar isso a limpo. Antes que seja tarde.
Crime e lado social (1)
Leia mais:O pacote do ministro da Justiça Sérgio Moro contra a criminalidade é bom, poderia ter sido até mais incisivo, mas sua aplicação vai depender de outras ações para reduzir a violência que domina o país. No caso do Pará, cujas penitenciárias e cadeias de delegacias andam superlotadas, não basta apenas colocar mais policiais nas ruas, prender ladrões, assassinos, ou isolar os chefes de facções que atuam dentro dos presídios. Se faz necessário também criar políticas de inclusão social.
Crime e lado social (2)
A maioria dos criminosos está hoje na faixa etária que vai de 18 a 29 anos. Ou seja, gente muito jovem que cedo segue o caminho do crime, seja porque não estudou, ou abandonou a escola, ou porque foi “adotado” pelo tráfico de drogas. Pergunta-se: qual a política social voltada para esse jovem que pudesse identificar nele um potencial para o trabalho de qualquer natureza ou despertar a vocação artística? Nada, os governos fracassaram completamente nessa missão. Sequer começaram ou tentaram fazer algo diferente. Prender, punir e segregar virou regra. Deu no que deu.
Assédio de juiz
Faz a gente pensar e refletir sobre o caso de se colocar o poder nas mãos de um juiz como Glicério de Angiolis, de Miracema (RJ), acusado de assédio moral e sexual de servidores. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ), abriu anteontem processo disciplinar contra ele. Em uma das inúmeras acusações contra Glicério, consta que ele pediu foto de biquíni da estagiária lotada em seu gabinete. É a tal sensação de poder que alguns homens exercem, extrapolando limites éticos e morais.
Não é Deus
“O juiz pensa que é Deus, e o desembargador tem certeza”, diz o ditado que circula nos meios forenses. No livro “Formação de um juiz: anotações de uma experiência”, do desembargador do TJ do Maranhão, Lourival Serejo, há um trecho que desmonta a postura do juiz Glicério de Angiolis: “juiz é coisa séria. A cada dia precisamos nos avaliar. O dia em que acreditarmos em nossa perfeição, deixaremos de ser juiz e passaremos a ser um perigo para os jurisdicionados”.
Ao trabalho, deputado
Com mais de 60% de seus quadros políticos renovados pelas urnas, a Assembleia Legislativa do Pará começou os trabalhos dos próximos 4 anos com muitos desafios pela frente. Mais do que garantir a governabilidade na gestão de Helder Barbalho, os deputados precisam estar sintonizados com suas bases sociais, criar projetos e empreender ações que satisfaçam os eleitores, inclusive aqueles que neles não votaram. A baladeira da campanha eleitoral agora é vidraça. E sob o olhar atento das redes sociais.
________________________BASTIDORES_____________________
* Os criminosos se adaptam até com certa facilidade às circunstâncias. Em Belém, líderes de facções criminosas deram a ordem: é proibido assaltar morador nas ruas do próprio bairro.
* Quem desobedecer a ordem será duramente punido. A morte é uma das alternativas. Nos bairros da Marambaia, Guamá, Marco e Jurunas, o “Comando Vermelho” quer evitar a presença da polícia em seus redutos.
* Morador assaltado e assustado na rua ou em casa atrai a polícia, o que é ruim para os negócios dos traficantes de drogas.
* A coisa deve apertar: em março, se a promessa for cumprida, 250 homens da Força Nacional de Segurança estarão na capital para intensificar o combate aos criminosos.
* E no interior do Estado, como fica? Grandes e pequenas cidades vivem em polvorosa. Comunidades estão à mercê dos bandidos.
* Com a palavra, o secretário de Segurança, Uálame Machado.