Correio de Carajás

Não Vale brincar

Não Vale brincar

Está na hora de alguém lembrar à direção da Vale que a empresa precisa fazer  mais pelo Pará do que tem feito até agora. Ela e seus acionistas embolsam lucros astronômicos, explorando ferro, cobre e níquel da região de Carajás, mas o que deixam no estado, além de buracos? Ah, já sei: empregos, terceirização de serviços a algumas empresas paraenses, apoios culturais e coisas do gênero. Pergunto: só isto? É pouco, bem pouco. E a Vale sabe disso.

Dívida que Vale

Leia mais:

Vamos entender uma coisa: a Vale precisa mais do Pará, que o Pará precisa da Vale. Exemplo disso é a renovação da concessão pelo uso, por mais 30 anos, no mínimo, da ferrovia de Carajás. Ao renovar essa concessão – hoje sob demanda judicial da Procuradoria-Geral da República, que alega inconstitucionalidade no ato de Michel Temer, o governo federal pensa em abocanhar R$ 25 bilhões. Ou seja, é a Vale quem terá de pagar esse valor.

Obrigação, não favor

O problema é que R$ 4 bilhões desses R$ 25 bilhões já estariam comprometidos na construção da Ferrovia de Integração do Centro Oeste, ligando Água Boa no MT a Campinorte, em GO, obra que o  governo Bolsonaro anunciou no último estar entre as suas prioridades. Quer dizer, já passaram a perna no Pará, para não perder o costume. Então, é hora de o governo estadual negociar uma contrapartida da Vale, para que ela construa um braço de sua ferrovia no Pará, até o porto de Vila do Conde, em Barcarena. Não é favor, é obrigação.

Rombo tucano

Pelo esperneio que sempre costuma fazer, o ex-governador Simão Jatene está muito quieto diante da denúncia do governador Helder Barbalho, que diz ter encontrado um rombo de R$ 1,5 bilhão nas contas públicas. O assunto surgiu durante conversa de Helder com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Se Jatene escondeu o que não era para esconder, estará em maus lençóis. Falta uma auditoria que diga onde e como foi aplicado o dinheiro. Se Jatene falasse, ele poderia dizer. Vai Falar?

Raio-X das prisões

O advogado Jarbas Vasconcelos expôs as feridas do sistema penitenciário do Pará, que ele hoje comanda. A revelação de que quase metade dos presos poderia estar nas ruas, porque cometeu pequenos delitos, não surpreende. Essas masmorras medievais, que não recuperam ninguém, constituem-se em verdadeiras universidades do crime. O sujeito entra analfabeto, pelo roubo de uma dúzia de lajotas de uma loja e sai pós-doutor em assalto, sequestro e homicídio. Respeitando-se as exceções, é lógico.

____________________BASTIDORES______________________ 

* O combate à criminalidade deve ser duro e implacável. Foi o que disse o governador Helder Barbalho durante a posse do delegado geral da Polícia Civil, Alberto Teixeira.

* Ele, porém, admitiu que existem dificuldades neste enfrentamento, mas ressaltou que não medirá esforços para diminuir os índices de violência. O foco deve estar nas organizações criminosas.

* Helder disse não ter sido colocado no poder para fazer mais do mesmo, “porque o mesmo representa omissão, ausência, negligência, incompetência e incapacidade de demonstrar para esse Estado e para essa sociedade que não temos vara de condão para transformar da noite para o dia as realidades”.

* Ressaltou que a sociedade pode ter certeza que nesses 22 dias de governo “estamos agindo com prevenção, presença, investigação, punição”. Alberto Teixeira, por sua vez, disse que o principal desafio é a defasagem do efetivo.