Correio de Carajás

Transferência de paciente gera discussão entre família e equipe do HMM

A paciente Miriam Saraiva Kokaktyira, de 30 anos, internada com traumatismo craniano desde que sofreu um acidente de moto, segue em estado delicado, mas agora em leito de UTI do Hospital Municipal de Marabá (HMM). Antes disso, até a noite de ontem (8), ela estava numa UCE e a família lutando por uma transferência dela ao Hospital Regional (HRSP), onde já havia leito liberado para ela. O HMM, no entanto, não liberou a transferência, o que gerou discussões acaloradas entre os familiares e a equipe do hospital.

O caso foi parar nas redes sociais, depois que pessoas que estavam no pátio do HMM publicaram vídeos e fotos mostrando a luta da família pela liberação da transferência. Nesta manhã de sábado (8) o Correio de Carajás falou diretamente com o esposo de Miriam, David Kakoktyire, que é indígena. Ele disse que embora a esposa agora tenha mais suporte em um leito de UTI do próprio HMM, vai continuar procurando o traslado dela ao regional, onde terá reais chances de sobreviver, diante do quadro grave de traumatismo.

Miriam Saraiva se acidentou de moto na noite de quinta-feira, na Folha 18, próximo à escola Disneylândia, quando transitava rumo à casa da mãe, que fica na Folha 7. Segundo o esposo, ela estava de capacete, mas o mesmo sacou da cabeça dela, diante da violência da queda. E é justamente o trauma no crânio que ameaça a vida da mulher, uma vez que o restante do corpo está integro.

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David Kakoktyire diz ter ouvido de um enfermeiro que já trabalhou no Samu, que o caso de Miriam é tão grave e delicado, que a ambulância que a socorreu já deveria ter levado diretamente ao Hospital Regional, no entanto a equipe da ocasião optou pelo HMM, onde nem vaga de UTI havia naquele momento.

A família chegou a cogitar transferência em UTI aérea para Tucuruí ou Belém, o que não deu certo, dado a delicadeza do estado da paciente.

Na noite desta sexta-feira (7) a família acabou conseguindo a garantia de leito no Hospital Regional e uma ambulância do Samu foi requisitada. Ao chegar ao HMM, uma assistente social se opôs a liberar a transferência, assim como o médico da ambulância queria documentação específica que garantisse que ela poderia ser levada sem riscos, uma vez que o veículo não possui suporte à vida.

De outro lado, o esposo disse que a família estava disposta a assinar quaisquer documentos se responsabilizando pela transferência, por entender que a chegada ao Regional era a única chance real de sobrevida da paciente.

No final das contas, após muita discussão, Miriam acabou permanecendo no HMM, mas conseguiu condição melhor, com a abertura de uma vaga na UTI daquele hospital.

David diz que segue na luta pela transferência ao regional, onde a mulher terá acesso, não apenas aos aparelhos de uma UTI, mas aos profissionais especializados no seu trauma de cabeça, que é muito delicado. (Da Redação | Com apoio de Josseli Carvalho)