Correio de Carajás

COLELITÍASE

Colelitíase é o termo médico que significa a presença de cálculos na vesícula biliar (as chamadas “pedras na vesícula”). A colelitíase é uma patologia do trato digestivo comum, a qual é incidente na população, englobando cerca de 10 a 20% dos adultos. Vale ressaltar que a prevalência de colelitíase na população tem aumentado nos últimos anos, principalmente no que se refere às crianças.

A causa da colelitíase envolvem diversos fatores, como: obesidade, perda rápida de peso, pessoas submetidas à cirurgia bariátrica, pessoas com colesterol alto, hipertensão, sedentarismo, uso de cigarros, uso de estrogênios, fatores genéticos, pessoas acima de 40 anos, diabetes e gravidez.

Os dois principais tipos de cálculos biliares são os cálculos de colesterol e os de pigmento. Os cálculos de colesterol contêm mais de 50% de monoidrato de colesterol. Os cálculos de pigmento possuem mais de 20% de colesterol e são formados principalmente por bilirrubinato de cálcio.

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Muitos cálculos biliares são “silenciosos”, isto é, estão presentes em pacientes assintomáticos. Os sintomas ocorrem quando os cálculos desencadeiam inflamação ou causam obstrução do ducto cístico ou do colédoco. Os principais sintomas são cólica biliar, náuseas e vômitos. O exame físico pode ser normal ou mostrar dor à palpação do epigástrio ou quadrante superior direito – QSD.

Cólica biliar – dor constante e intensa no quadrante superior direito do abdômen ou no epigástrio que começa bruscamente, ocorrendo com mais frequência 30 a 90 min após as refeições, durando várias horas e, por vezes, irradiando-se para a escápula direita ou costas. Náuseas e vômitos.

Ocasionalmente, elevações leves e transitórias de bilirrubina acompanham a cólica biliar. Apenas 10% dos cálculos biliares de colesterol são radiopacos, visíveis aos raios x. A ultrassonografia é o melhor teste diagnóstico. O colecistograma oral foi substituído em grande parte pela ultrassonografia, mas pode ser usado para determinar a patência do ducto cístico e a função de esvaziamento da vesícula biliar.

O diagnóstico diferencial inclui doença ulcerosa péptica, refluxo gastresofágico, síndrome do intestino irritável e hepatite. As complicações são colecistite, pancreatite e colangite. Nos pacientes assintomáticos, o risco de surgirem complicações que tornam necessária uma cirurgia é pequeno.

O tratamento para colelitíase envolve a remoção cirúrgica da vesícula biliar, tanto para quem apresenta sintomas quanto para quem não apresenta. É uma cirurgia com rápida recuperação e risco baixo.

O procedimento cirúrgico se faz necessário, já que pacientes não operados correm risco de 30% a 50% de sofrerem com graves complicações, trazendo problemas como colecistite aguda, peritonite, fístulas, pancreatite, coledocolitíase, colangite e papilites.

A colecistectomia (retirada cirúrgica da vesícula biliar) eletiva deve ficar reservada para: (1) pacientes sintomáticos (ex., que tenham cólica biliar apesar de seguir uma dieta pobre em gorduras); (2) pessoas com complicações prévias de colelitíase.

E (3) as que apresentam condição subjacente que predisponha a maior risco de complicações (vesícula biliar calcificada ou em porcelana). Os pacientes com cálculos biliares 3 cm ou com vesícula anômala contendo cálculos também devem ser considerados para cirurgia.

A colecistectomia videolaparoscópica é minimamente invasiva e constitui o procedimento de escolha para a maioria dos pacientes que serão submetidos à colecistectomia eletiva.

Os agentes orais (ácido ursodesoxicólico) dissolvem parcial ou completamente os pequenos cálculos radiotransparentes em 50% dos pacientes selecionados, em 6 a 24 meses. Pela frequência da recidiva dos cálculos e eficácia da cirurgia laparoscópica, o papel da terapia de dissolução oral ficou grandemente restrito a pacientes não candidatos à colecistectomia eletiva.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.