Correio de Carajás

Paciente crítico na UTI

Os princípios da medicina de terapia intensiva começam com a avaliação inicial do paciente criticamente enfermo. Com frequência, o tratamento inicial desses pacientes deve ser realizado com rapidez e antes que tenha sido obtida a história clínica completa.

A estabilização fisiológica começa com os princípios do suporte vital cardiovascular avançado e, comumente, envolve técnicas invasivas, como a ventilação mecânica e a terapia de substituição renal para sustentar os sistemas orgânicos que estão falhando.

O choque, que se caracteriza por hipoperfusão de órgão-alvo multissistêmica e hipoxia tecidual, é um problema comum que exige admissão na UTI. Existem vários indicadores clínicos do choque, como pressão arterial média reduzida, taquicardia, taquipneia, extremidades frias, estado mental alterado, oligúria e acidose láctica.

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Embora a hipotensão em geral seja observada no choque, não há limiar de Pressão Arterial específico que seja empregado para defini-lo. O choque pode resultar de redução do débito cardíaco, resistência vascular sistêmica diminuída ou ambos. As três principais categorias do choque são o hipovolêmico, o cardiogênico e o de alto débito cardíaco/ resistência vascular sistêmica baixa.

Muitos pacientes que recebem ventilação mecânica precisam de tratamento para a dor e ansiedade. Com menos frequência, bloqueadores neuromusculares são necessários para facilitar a ventilação quando existe extrema dissincronia entre os esforços respiratórios do paciente e o ventilador.

A retirada da ventilação mecânica deve ser considerada quando o processo patológico gerador da intubação exibiu melhora. Deve-se efetuar a avaliação diária dos pacientes intubados para o potencial de desmame. A conduta mais efetiva para o desmame costuma ser uma tentativa de respiração espontânea, a qual envolve 30 a 120 minutos de respiração sem suporte ventilatório significativo.

A falência de múltiplos órgãos e sistemas é uma síndrome definida pela disfunção ou falência simultânea de dois ou mais órgãos nos pacientes com doença crítica. É uma consequência comum de condições inflamatórias sistêmicas p. ex., sepse, pancreatite e traumatismo. Para satisfazer os critérios para a referida síndrome, a falência orgânica deve persistir por > 24 h. O prognóstico se agrava com a maior duração da falência orgânica e o maior número de sistemas orgânicos envolvidos.

Com a doença crítica, é necessária a monitoração rigorosa e, com frequência, contínua dos múltiplos sistemas orgânicos. Além da oximetria de pulso, a análise frequente da gasometria arterial pode revelar os distúrbios acidobásicos em evolução e avaliar a adequação da ventilação.

Em relação a prevenção das complicações da doença crítica. Os pacientes criticamente doentes estão propensos a várias complicações, como as seguintes: sepse, anemia, Trombose Venosa Profunda, sangramento gastrointetinal, insuficiência renal aguda, fraqueza, nutrição inadequada e hiperglicemia.

A dieta enteral, quando possível, é preferida em relação à nutrição parenteral, uma vez que a rota parenteral está associada a múltiplas complicações, incluindo hiperglicemia, colestase e sepse. A utilidade de um controle glicêmico rigoroso na UTI é controversa.

Diversos problemas neurológicos podem desenvolver-se em pacientes criticamente enfermos. Muitos pacientes de UTI desenvolvem delirium, o qual se caracteriza por alterações agudas no estado mental, desatenção, raciocínio desorganizado e nível alterado de consciência. As complicações neurológicas menos comuns, mas igualmente importantes, incluem lesão cerebral anóxica, AVE e status epilepticus.

Cada vez mais, pacientes, famílias e cuidadores reconhecem a validade ética da limitação ou suspensão do tratamento quando o paciente, ou seu substituto responsável para decisão, determina que as metas do paciente para o tratamento na UTI não são mais possíveis de serem atingidas com a situação clínica.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

 

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.