Correio de Carajás

Ausência do estado

O tamanho do Pará – um país dentro de outro país – é um desafio para qualquer governo e isso aflora com intensidade durante as campanhas eleitorais. Dos 144 municípios, nenhum candidato conseguiu ir a cada um deles, olhar na cara do povo, ouvir suas queixas e reivindicações. Nos municípios mais pobres, pequenos e distantes, a ausência do governo estadual é sentida de forma dramática. Se o prefeito não é do mesmo time do governador, essa ausência piora. O prefeito pode falhar. Mas quem sai mal na foto é o governador.

Imposto cai no ralo

O homem da cidade reclama – e muito, com razão – que o governo atrapalha a vida dele. E o homem do interior, o que pensa? Ele não pensa, sente. Sente a falta da escola estadual, que funciona precariamente, porque precisa de manutenção e da valorização do professor. Quando está doente, precisa deixar a cidade para procurar melhor atendimento no hospital da capital. O imposto que ele paga não retorna na prestação de serviço público de qualidade. Esse cidadão é ignorado.

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Parazão e parazinho

Em dezembro de 2011, as regiões sul e oeste do estado provocaram um plebiscito sobre a criação dos estados de Carajás e Tapajós. O motivo, alimentado há anos, era justamente o sentimento de abandono e de ausência do governo estadual nas duas regiões. O resultado indicou que 66,59% escolheram “não” para a criação do estado de Carajás e 66,08% rejeitaram a criação do estado de Tapajós. Nunca mais se falou nisso. De lá para, os problemas foram resolvidos? Resposta: não. Na segurança pública, por exemplo, até piorou.

Capital no centro

Nesses 20 anos de governos do PSDB, o tamanho do Pará e sua ingovernabilidade inquietou apenas um governador: Almir Gabriel. Ele defendia que Belém deixasse de ser a capital do estado, sugerindo que a mudança deveria contemplar um município geograficamente na região central. O próprio Almir chegou a admitir que a localidade de Belo Monte – onde hoje existe hidrelétrica – seria a nova capital. Os separatistas não engoliram a ideia. Os defensores da não-divisão, também. O assunto foi enterrado em cova rasa. Enxuga-se gelo.

Esqueceram o Marajó

Ora, se o sul e o oeste não param de reclamar contra a ausência do estado em suas regiões, mais razão tem ainda o Marajó, que embora mais perto de Belém sem dúvida alguma é o mais carente de todos. Seus níveis de desenvolvimento econômico e social são os piores do país. Comparado ainda aos dos países mais miseráveis da África. Como se não bastasse tantas agruras, o Marajó ostenta altos índices de prostituição infantil. Coisa capaz de envergonhar qualquer governo.

 

_________________________BASTIDORES_______________________

 

* Há 32 dias da eleição, a agitação nos partidos aumenta na mesma proporção da angústia dos eleitores ainda indecisos, sem saber em quem votar.

* O aperto maior entre os candidatos, de deputado a governador, está na falta de dinheiro para gastar nas campanhas. As “vaquinhas” estão por toda parte. Algumas, já em processo de engorda. Outras, magérrimas.

* A Justiça Eleitoral já tornou disponível para celulares e tabletes o aplicativo de nome Pardal, para denúncias de crimes nessas eleições, que incluem ações proibidas aos candidatos e eleitores.

* O aplicativo traz orientações sobre o que pode ou não ser feito por auto-falantes, pela internet, adesivos, debates, caminhadas ou passeatas.

* As denúncias devem conter informações e evidências que ajudem a Justiça Eleitoral a fiscalizar as ações dos candidatos ou de cabos eleitorais. Pelo aplicativo podem ser enviadas fotos, vídeos ou áudios comprovando a violação da legislação eleitoral.

* Além disso, o cidadão vai pode acompanhar o andamento de sua denúncia pelo próprio aplicativo. Para facilitar o processo, o aplicativo já traz várias categorias de irregularidades eleitorais como propaganda eleitoral, uso da máquina pública, compra de votos, crimes eleitorais, doações e gastos eleitorais, e outros.

* O cidadão pode colher a denúncia por smartphone, o celular, enfim, tira uma fotografia por exemplo de um outdoor, proibido por lei. Ele baixa o aplicativo, coloca isso no celular, cadastra, faz um login, coloca as informações e leva essa informação ao conhecimento da Justiça Eleitoral.

* O Pardal para fazer denúncias eleitorais é gratuito e está disponível para versões Android e IOS com links no site da própria Justiça Eleitoral.