Correio de Carajás

Tecnologia Médica

      A tecnologia está o tempo todo contribuindo para que a medicina evolua. Assim, possibilita a obtenção de diagnósticos mais precisos e tratamentos mais eficazes. É o caso de muitas inovações na área de endoscopia digestiva, usadas desde a realização de exames até os procedimentos mais complexos para tratar câncer e outras doenças graves.

      De fato, a endoscopia é uma área bem abrangente, que inclui a área diagnóstica e terapêutica, alta e baixa, via biliar e procedimentos endoscópicos diversos. Por isso, há uma grande demanda por profissionais capacitados, que entendam não apenas as tecnologias, como também as técnicas e abordagens utilizadas.

      A tecnologia HD (High Definition) já é amplamente usada em monitores e aparelhos em tela. Trata-se de uma melhoria significativa na imagem, que se torna mais nítida. Ou seja, ao ser aplicada na endoscopia, ela permite uma melhor visualização das imagens endoscópicas. Diversos equipamentos disponíveis hoje no mercado contam com essa tecnologia.

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      Alguns deles utilizam o sistema FICE (Flexible spectral Imaging Color Enhancement), que possibilita uma maior definição de alterações a nível celular. Outras usam tecnologias inteligentes de colorimetria virtual, regulando melhor as ondas de cores invisíveis a olho nu. Esses são apenas alguns exemplos de como a alta definição pode ser usada para melhorar as imagens diagnósticas.

      Outro bom exemplo de tecnologia endoscópica avançada, é a cápsula endoscópica. Trata-se de um exame não invasivo, que não requer sedação, internação e praticamente não oferece riscos. Ela estuda as doenças do intestino delgado impossíveis de serem avaliadas pelos métodos endoscópicos tradicionais. A melhor aplicação da cápsula endoscópica é no diagnóstico do sangramento digestivo de origem obscura.

      O procedimento é simples e indolor: o paciente engole naturalmente uma cápsula, com 2,5 cm (comprimido grande), na qual existe uma câmera capaz de tirar duas fotos nas duas extremidades. As imagens são transmitidas para um cinturão preso ao paciente. Em seguida, com a ajuda de um software, as imagens registradas nesse cinturão são analisadas por um médico especialista.

      Em jejum de oito horas antes do procedimento, realiza-se a ativação e a ingestão da cápsula, com um simples copo d´água, sob supervisão de um profissional de saúde, que coloca os eletrodos na parede abdominal do paciente. Esses são conectados a um minicomputador que fica acomodado confortavelmente na cintura do paciente, para gravar as imagens. Se o estado do paciente permitir, poderá exercer atividades rotineiras com moderação.

      Outro exemplo de evolução diagnóstica e terapêutica de via biliar é a Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica – CPRE. Exame endoscópico que tem por objetivo detectar e tratar doenças que acometem as vias de drenagem do fígado e do pâncreas. O exame é realizado com anestesia geral ou sedação.

      Indicado nas doenças dos ductos pancreáticos e biliares com icterícia, dor abdominal, febre e alterações bioquímicas nas enzimas do fígado e do pâncreas. Podem ser decorrentes de cálculos e/ou tumores biliares, tumores e cistos pancreáticos, pancreatite crônica, doenças do fígado, e estreitamentos inflamatórios ou pós-cirúrgicos das vias biliares.

      O procedimento é realizado com o auxílio de um duodenoscópio, que possui visão lateral. Isto objetiva a visualização de um orifício existente na segunda porção do duodeno, chamada de papila duodenal maior. Através dela introduz-se um cateter com contraste, e utilizando-se um equipamento de Raio-X Portátil, poderão ser visualizados os dutos biliares e pancreáticos.

      Dependendo do diagnóstico e da situação clínica, poderão ser realizados procedimentos adicionais visando tratamento, como a secção longitudinal da papila e seus pequenos músculos, visando ampliar o orifício de drenagem; retirada de cálculos com balão extrator ou cesta; dilatação de estreitamentos com balões ou sondas dilatadoras; e drenagem biliar ou pancreática com emprego de próteses.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.