Apesar de um adolescente de 17 anos ter confessado que assassinou o comerciário Joelson Castro Carvalho, de 20 anos, na Folha 23 (Nova Marabá), a Polícia Civil não deu o crime como esclarecido. A dúvida reside no fato de que os investigadores não acreditam na versão apresentada pelo menor infrator, que acusa a vítima de ser de uma facção criminosa. “A gente não está dando uma credibilidade pra essa versão”. Quem afirma é o delegado Vinícius Cardoso das Neves, diretor da 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil.
Ouvido por este CORREIO ontem (16), o delegado observa que a polícia não descarta nenhuma linha de investigação, mas essa versão apresentada pelo adolescente que confessou o assassinato não convenceu ninguém até aqui: “Não é verossímil”, resumiu.
Os levantamentos da polícia indicam que Joelson não tinha passagens pela polícia; não existe sequer comentários de que ele fosse envolvido com crimes; era alguém trabalhador (bom funcionário, não se atrasava e nem faltava ao serviço); e pai de família, apesar de muito jovem. Ou seja, para o delegado Vinícius, essas características não são de alguém que pertence a facção criminosa. Apenas o acusado é que o incrimina.
Leia mais:Joelson estava desaparecido desde a quinta-feira (12), quando saiu do serviço por volta das 18h30 e teria ido vender um celular e uma caixinha de som para uma pessoa em uma conveniência das Transmangueiras (Folha 25). O corpo dele só foi encontrado na tarde de sábado (14) em um matagal na área de ocupação denominada “Fazendinha”. Joelson foi morto com uma facada na garganta.
E é justamente aí que reside outra dúvida da polícia: se o adolescente infrator queria roubar o celular e a caixinha de soma da vítima, não se justifica tamanha crueldade, pois não é muito comum esse tipo de crime em Marabá, a não ser que o adolescente ficasse com medo de ser identificado pela vítima posteriormente e resolveu matá-la para não ser pego.
As investigações
A equipe do CORREIO acompanhou com exclusividade a incursão da Polícia Civil ao local onde o corpo havia sido desovado. O acusado foi quem levou os policiais ao lugar exato. Embora a Civil não tenha dado detalhes mais exatos da investigação, a Reportagem apurou que o fator principal foi uma imagem de câmera de segurança de um comércio que mostrou a vítima, Joelson, e o adolescente conversando próximo a uma conveniência na noite de quinta. Foi, provavelmente, a última imagem dele com vida.
Questionado pelo repórter sobre o seu envolvimento, o adolescente disse estar arrependido de ter matado Joelson, mas que havia “honrado a camisa”, já que segundo ele, seriam de facções rivais. O suspeito alegou que a vítima queria fazer uma “casinha” para ele. “Ele veio até eu, eu matei. Ele queria negociar um celular comigo”.
FAMÍLIA
Josias Castro Carvalho, irmão da vítima, compareceu à Seccional de Polícia no final de tarde de sábado para as providências de praxe, uma vez que o corpo foi encontrado. Josias destaca que a família havia rastreado parte do percurso feito por Joelson depois que saiu do trabalho às 18h30 de quinta-feira.
Segundo ele, o irmão pegou um mototáxi próximo à sede da Unifesspa, na Folha 31, e foi até a Folha 25, mas na altura da Folha 16, devido a um pneu furado, ele pegou um segundo mototáxi, que o levou a uma conhecida distribuidora na Folha 25. Esse transportador foi quem deu a última notícia sobre o rapaz, a informar que ele estava em companhia do adolescente infrator.
Josias afirma que o irmão era muito responsável, sempre trabalhou, nunca faltava ao serviço. Que estava casado e tem um filho de um ano. Também tinha casa própria no Residencial Tiradentes. “Graças a Deus foi encontrado pelo menos o corpo, por que a família estava aflita. Infelizmente sem vida”, disse.
O irmão também negou que Joelson tivesse qualquer envolvimento com o mundo do crime e justificou isso, destacando que o rapaz não tinha passagem pela polícia e era conhecido de todos os amigos como alguém trabalhador e ordeiro. Encerrou desejando que a polícia conclua o inquérito e que o assassino pague pelo ato, mesmo sendo menor de idade. (Chagas Filho colaboraram Theíza Cristhine e Josseli Carvalho)