Correio de Carajás

Viciada é morta com tiro na nuca

A venda de drogas ilegais, notadamente o crack, que ocorre de forma escancarada nos arredores do Terminal Rodoviário do Km 6 (Nova Marabá), tem ganhado contornos cada vez mais violentos. No último dia 28, um corpo foi encontrado num matagal ali próximo; e na madrugada de ontem (4), por volta das 3h30, uma mulher foi assassinada com um tiro na nuca, que transfixou o crânio e saiu no olho direito. A vítima, Keith Arquisa da Costa, de 30 anos, era viciada em drogas e vivia no terminal junto com mais cerca de 20 pessoas, que passam dia e noite vegetando como zumbis no local que já vem sendo chamado de “Cracolândia de Marabá”.

O Boletim de Ocorrência Policial sobre o homicídio foi feito pelo irmão da vítima, Carlos Alberto Arquisa da Costa. Segundo ele, Keith vinha sendo ameaçada de morte, mas ele não soube dizer por quem. Sabe dizer apenas que ela era usuária de entorpecentes e que já chegou a ser presa. Mas atualmente trabalhava para manter o vício, lavando pratos na praça de alimentação do terminal.

A polícia não fala claramente, tampouco os familiares de Keith, mas tudo leva a crer que ela pode ter sido morta por algum traficante a quem ela deixou de pagar pelo crack que consumia diariamente.

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No local do crime, policiais militares encontraram cápsulas de 380, indicando o calibre usado pelo criminoso ou criminosos. Não há testemunhas. Os policiais informaram também que o assassinato aconteceu do outro lado da pista e não propriamente debaixo das árvores (um bambuzal), onde os viciados costumam se abrigar durante o dia e a noite.

Coincidentemente, menos de 24 horas antes de morrer, Keith Arquisa concedeu entrevista ao Jornal Correio, para uma matéria especial (veja no Caderno A, página 4) sobre os dramas vivenciados pelos usuários de drogas que vivem no Km 6.

Na entrevista, Keith – ao lado do companheiro Claiton Silva de Oliveira – admite ser viciada em crack e relata as dificuldades em deixar o vício. Ela conta que passou quatro meses sem usar drogas. “Mas foi uma luta todo dia… A droga chama. É uma doença. Não tem cura”, relata.

Problema de saúde pública

Também ouvido pelo jornal, o superintendente regional de Polícia Civil, Marcelo Delgado, observa que, como em qualquer outro tipo de crime, a Polícia trabalha na repressão às drogas, investigando e produzindo inquéritos policiais, na tentativa de identificar e prender traficantes.

Por outro lado, lembra ele, a Polícia Militar trabalha com o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que faz esclarecimentos, em escolas e empresas, sobre os malefícios da droga sobre os usuários e também os familiares.

Mas o delegado destaca que mais importante do que uma política de segurança, seria o poder público tratar essa questão por meio de uma política de saúde pública, onde, em alguns casos, a internação da pessoa é necessária.

Chama atenção na fala do delegado a preocupação mais abrangente – para além da esfera policial – em relação ao problema das drogas não apenas em Marabá, mas em todo o País. Afinal, houvesse uma política menos repressiva e mais humanizada, talvez os três filhos pequenos de Keith Arquisa não estivessem agora órfãos de mãe.

(Chagas Filho com informações de Josseli Carvalho)

 

A venda de drogas ilegais, notadamente o crack, que ocorre de forma escancarada nos arredores do Terminal Rodoviário do Km 6 (Nova Marabá), tem ganhado contornos cada vez mais violentos. No último dia 28, um corpo foi encontrado num matagal ali próximo; e na madrugada de ontem (4), por volta das 3h30, uma mulher foi assassinada com um tiro na nuca, que transfixou o crânio e saiu no olho direito. A vítima, Keith Arquisa da Costa, de 30 anos, era viciada em drogas e vivia no terminal junto com mais cerca de 20 pessoas, que passam dia e noite vegetando como zumbis no local que já vem sendo chamado de “Cracolândia de Marabá”.

O Boletim de Ocorrência Policial sobre o homicídio foi feito pelo irmão da vítima, Carlos Alberto Arquisa da Costa. Segundo ele, Keith vinha sendo ameaçada de morte, mas ele não soube dizer por quem. Sabe dizer apenas que ela era usuária de entorpecentes e que já chegou a ser presa. Mas atualmente trabalhava para manter o vício, lavando pratos na praça de alimentação do terminal.

A polícia não fala claramente, tampouco os familiares de Keith, mas tudo leva a crer que ela pode ter sido morta por algum traficante a quem ela deixou de pagar pelo crack que consumia diariamente.

No local do crime, policiais militares encontraram cápsulas de 380, indicando o calibre usado pelo criminoso ou criminosos. Não há testemunhas. Os policiais informaram também que o assassinato aconteceu do outro lado da pista e não propriamente debaixo das árvores (um bambuzal), onde os viciados costumam se abrigar durante o dia e a noite.

Coincidentemente, menos de 24 horas antes de morrer, Keith Arquisa concedeu entrevista ao Jornal Correio, para uma matéria especial (veja no Caderno A, página 4) sobre os dramas vivenciados pelos usuários de drogas que vivem no Km 6.

Na entrevista, Keith – ao lado do companheiro Claiton Silva de Oliveira – admite ser viciada em crack e relata as dificuldades em deixar o vício. Ela conta que passou quatro meses sem usar drogas. “Mas foi uma luta todo dia… A droga chama. É uma doença. Não tem cura”, relata.

Problema de saúde pública

Também ouvido pelo jornal, o superintendente regional de Polícia Civil, Marcelo Delgado, observa que, como em qualquer outro tipo de crime, a Polícia trabalha na repressão às drogas, investigando e produzindo inquéritos policiais, na tentativa de identificar e prender traficantes.

Por outro lado, lembra ele, a Polícia Militar trabalha com o Programa Educacional de Resistência às Drogas (Proerd), que faz esclarecimentos, em escolas e empresas, sobre os malefícios da droga sobre os usuários e também os familiares.

Mas o delegado destaca que mais importante do que uma política de segurança, seria o poder público tratar essa questão por meio de uma política de saúde pública, onde, em alguns casos, a internação da pessoa é necessária.

Chama atenção na fala do delegado a preocupação mais abrangente – para além da esfera policial – em relação ao problema das drogas não apenas em Marabá, mas em todo o País. Afinal, houvesse uma política menos repressiva e mais humanizada, talvez os três filhos pequenos de Keith Arquisa não estivessem agora órfãos de mãe.

(Chagas Filho com informações de Josseli Carvalho)