Correio de Carajás

Uma nova casa para os surdos

Uma nova casa para os surdos

Desde o início de agosto o Centro Especializado na Área da Surdez (Caes) está atendendo a comunidade surda de Marabá e região em um novo endereço. A nova estrutura proporciona mais comodidade aos 53 surdos, provenientes do município, e de outras cidades vizinhas, como Serra Pelada e Itupiranga. São quatro salas de aulas climatizadas, além de refeitório e banheiros. A nova sede do Caes está localizada na Folha 26, Qd 01, Lote 25, Nova Marabá.

A equipe do Caes, que é referência na área da surdez em Marabá, trabalha com crianças, jovens e adultos, cuja proposta pedagógica é ensinar Libras (Língua Brasileira de Sinais), Língua Portuguesa e Matemática no contra-turno da escola regular.

De acordo com Iracelma Silva Costa, coordenadora do Caes e pedagoga especialista na área da surdez, além do ensino bilíngue, a equipe do Caes ministra formação para os professores da sala regular. Atualmente, o Brasil ainda é carente de intérprete de Libras nas escolas para acompanhar o aluno na sala regular.

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Quanto ao processo de alfabetização dos surdos em Língua Portuguesa, Iracelma destaca que não se trata do mesmo tempo de alfabetizá-lo na própria língua. “Essa é dificuldade que esbarramos na sala regular. O professor geralmente não está preparado para trabalhar com o surdo, porque primeiro não sabe a língua dele, por isso que o aprendizado se torna um pouco difícil na sala regular e é muito importante o acompanhamento do Caes”, explicou ela.

O start para estudar no Caes começa com um trabalho com os pais dos surdos, o aluno é atendido com o diagnóstico para saber até onde ele sabe a própria língua dele, se ele vem de casa com a linguagem gestual. Depois desse diagnóstico, a coordenação do Caes dialoga com os professores que ensinam na faixa etária de 6 a 9 anos, como também com os que ensinam de 10 em diante.

“Quando o surdo chega ao Caes ele fica feliz por aprender a própria língua dele [Libras], no momento em que ele entra em contato com a língua o desenvolvimento dele é gradativo. Geralmente aqui eles não faltam é mais fácil faltarem na sala regular”, destacou Iracelma Costa. As mães dos alunos dão um feedback positivo. É o momento onde eles ficam em conjunto com os outros que literalmente falam a mesma língua.

Português

A professora de Língua Portuguesa, Luciene Mendes, especialista em Libras e Educação Especial, trabalha no Caes e também na rede municipal regular. Ela explicou que na sala de aula regular também temos alunos especiais, sendo assim, dá para conciliar as duas coisas e desenvolver os dois trabalhos de forma excelente.

A estudante Cristina Teixeira da Cruz, de 24 anos, é surda e mora no núcleo Morada Nova. O ônibus da Semed (Secretaria Municipal de Educação) busca os alunos de Morada Nova e São Félix para o atendimento todas terças e quintas-feiras no Caes. “É muito bom estudar no Caes, estou gostando muito. Gosto dos professores, me sinto bem, levanto cedo 5 horas da manhã, faço curso no Senai e ainda estudo de noite. Faço o 5º ano na Escola Pedro Peres. Aprendo todo dia uma coisa nova, meu esposo também estuda aqui”, expressou Cristina em Libras.

Casa nova

O novo espaço contém quatro salas de aulas climatizadas, duas salas de coordenação, banheiros e refeitório. “Com essa nova estrutura, até para eles [clientela] virem para cá sentem uma satisfação maior por ter o local próprio. Lá no Jonathas eram duas salas, cada sala dividida em três espaços. Estávamos apertadinhos, agora o espaço está melhor e mais aconchegante cada um na sua sala. A prefeitura não deixou a desejar em nada o que a gente precisava dentro do espaço. Só falta agora atendermos estimulação precoce de 0 a 2 anos”, lembra Iracelma, complementando que, ainda funciona no Caes a CIL (Central de Interpretação em Libras).

Está marcado para o próximo dia 24 a inauguração do centro.

(Emilly Coelho – Ascom PMM)