Correio de Carajás

Sífilis

A sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).

O Treponema pallidum, o causador da sífilis é um organismo espiralado fino com um corpo celular circundado por uma membrana citoplasmática trilaminar. Os humanos são o único hospedeiro natural, e os microrganismos não podem ser cultivados in vitro.

Os casos são adquiridos por contato sexual com lesões infecciosas tipo cancro, mancha mucosa, erupção cutânea, condiloma plano. A aquisição não sexual por contato pessoal íntimo, infecção intraútero, transfusão de sangue e transplante de órgão é menos comum.

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Há aproximadamente 12 milhões de novas infecções todo ano no mundo. Foram relatados 31.575 casos nos EUA em 2000. Os casos relatados de sífilis primária e secundária combinadas (o que melhor indica a atividade da doença) aumentaram de menos 6.000 em 2000 para maior que 14.000 em 2012, afetando primariamente HSH, dos quais 20 – 70% eram coinfectados com HIV.

Entre um terço e metade dos contatos sexuais de pessoas com sífilis infecciosa acabam sendo infectados um achado que reforça a importância de tratar todos os contatos sexuais recentemente expostos.

O T. pallidum penetra nas membranas mucosas intactas ou através de abrasões microscópicas, alcançando linfáticos e sangue em poucas horas, o que resulta em infecção sistêmica e focos metastáticos. Após um período médio de incubação de cerca de 21 dias (variação, 2 a 6 semanas), a lesão primária (cancro) aparece no local da inoculação, persiste por 4 a 6 semanas e, depois, cicatriza espontaneamente.

As manifestações parenquimatosas generalizadas, constitucionais e muco cutâneas da sífilis secundaria aparecem 6 a 8 semanas depois, apesar dos altos títulos de anticorpos, regredindo em 2 a seis semanas. Após um período de latência, um terço dos pacientes não tratados desenvolve doença terciária, traduzido por gomas sifilíticas, doença cardiovascular, doença neurológica.

Em relação às manifestações clínicas, a sífilis progride ao longo de três fases, com apresentações clínicas distintas. Sífilis primária: um cancro no local da inoculação (pênis, reto ou canal anal, boca, colo uterino, grandes lábios) é característico, mas em geral não é notado.  A adenopatia regional pode persistir por muito tempo após a cicatrização do cancro.

Sífilis secundária: as manifestações multifacetadas do estágio secundário costumam incluir lesões muco cutâneas e linfadenopatia indolor generalizada. As lesões cutâneas podem ser sutis, mas costumam ser máculas não pruriginosas vermelho-pálidas ou rosadas e se distribuem extensamente sobre o tronco e as extremidades, incluindo as regiões palmares e plantares.

Nas áreas intertriginosas úmidas, as pápulas podem aumentar de tamanho e sofrer erosão, produzindo extensas lesões altamente infecciosas denominadas de condiloma plano (ou condiloma lata). Podem ocorrer erosões mucosas superficiais (placas mucosas) e sintomas constitucionais (p. ex., dor de garganta, febre, mal-estar). Achados menos comuns são hepatite, nefropatia, artrite e achados oculares (p. ex., neurite óptica, uveíte anterior, irite).

Sífilis latente: pacientes sem manifestações clínicas, mas com sorologia positiva para sífilis têm doença latente. A sífilis latente precoce está limitada ao primeiro ano de infecção, enquanto a sífilis latente tardia é definida como aquela ≥ 1 ano de duração (ou de duração desconhecida).

Sífilis congênita: a sífilis pode ser transmitida durante a gravidez, mas a doença fetal não fica aparente até após o quarto mês de gestação. Todas as gestantes devem ser avaliadas para sífilis no início da gravidez.

Sífilis terciária: as formas clássicas de sífilis terciária incluem neurossífilis, sífilis cardiovascular e gomas. O tema sífilis prossegue na próxima semana.

* O autor é médico especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.     

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.