Correio de Carajás

Sete meses de trabalho entram em campo pelo Parauapebas FC

O final de semana dos dias 16 e 17 de outubro marca o início da Segunda Divisão do Campeonato Paraense. Com 23 times e apenas duas vagas disponíveis na elite do futebol estadual em 2022, não é qualquer trabalho que se destaca em meio à tantos esforços. Essa é a mentalidade trazida pelo Parauapebas FC em sua décima primeira participação no torneio: um trabalho construído minuciosamente, que não começou há pouco tempo.

O Parauapebas faz sua estreia como visitante contra o Atlético Paraense neste sábado (16), às 15h30. Os ingressos serão vendidos na bilheteria do Estádio José Raimundo Roseno Araújo, o Rosenão, palco do embate entre os dois times da cidade, por R$ 40. Por conta das medidas sanitárias ainda impostas pela crise do coronavírus, 50% da capacidade do estádio será usada pelos torcedores.

Luiz Carlos Cruz foi contratado pela diretoria do PFC em abril, já visando a Segunda do Paraense desde o primeiro dia. O técnico da camisa 24, que ostenta nas costas afim de trazer o debate do combate a homofobia no futebol, acumula no currículo passagens por grandes times, principalmente do Nordeste, como Fortaleza-CE, Ceará e Náutico-PB.

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Na comissão técnica, nomes de confiança compõem a equipe: Juninho Cearense, ex-comandado de Cruz no Fortaleza, é o auxiliar. William Schmidt, gaúcho como o treinador, fica responsável pela preparação física dos atletas. O trabalho também conta com Alan Bahia, ex-volante do Atlético-PR campeão nacional de 2004, que cuida da prospecção de atletas na base do Trem de Ferro.

IDEIAS EM CAMPO

O “Professor” Cruz se posiciona no centro da zaga, como um primeiro volante que se apresenta para coordenar a saída de bola, bradando aos comandados durante o treino tático realizado na tarde de quinta-feira (14), visando a estreia contra o Atlético Paraense, no que pode ser chamado de Clássico dos Minérios. Com uma série de jogadores que já conhecem Cruz de outros trabalhos, a ideia é implementada dentro das quatro linhas.

O regulamento da 2ª Divisão Paraense permite apenas cinco atletas acima dos 23 anos, com exceção dos goleiros. Mesmo nesse aspecto, Cruz pensou o elenco tendo dois zagueiros, um volante, um meia e um atacante preenchendo estas vagas, no que chamou de “espinha dorsal” de sua equipe, trazendo não só experiência em meio a tantos jovens em diferentes setores do campo, mas atletas que já conhecem o trabalho e podem ajudar a desenvolvê-lo.

Ainda assim, há muitas dúvidas para a estreia na competição. A única certeza é a ausência do zagueiro Júnior Gaúcho, capitão do Parauapebas FC, que sentiu a coxa e deve estrear apenas na segunda rodada, quando o Trem de Ferro recebe o Cametá, e que também é um dos “homens de confiança” de Cruz. O técnico ainda espera o resultado dos exames de COVID-19 para definir o onze inicial para o Clássico dos Minérios.

“No Nordeste eu aprendi o seguinte: quando você está fazendo um doce de banana, você não pode parar de mexer a panela. Vai mexendo, mexendo, até ficar pronto. Quando você sabe que o doce está pronto? Quando ele estiver no ponto. É assim com o time de futebol também. Vamos mexendo até o time estar no ponto” diz Luiz Carlos, mostrando confiança em todos os 29 integrantes de seu elenco.

O lateral Hugo, os zagueiros Léo Azevedo e Thiago Moura, os meias Gomes, Jefferson e Aleff e os atacantes Aleílson e Tiago Recife completam a relação dos acima de 23 anos (a regra é válida para a convocação de cada partida).

Aleílson certamente é um nome que ativa uma lembrança: pelo Águia de Marabá, se destacou contra o Fluminense em jogo da Copa do Brasil de 2009, chegando a ser contratado pelo Flamengo posteriormente. Tiago Recife, por sua vez, é a esperança de gols do Trem de Ferro, tendo marcado um na vitória contra o Imperatriz-MA por 2 a 1, em amistoso preparatório disputado no último sábado (9); Gomes marcou o outro tento.

TIRO CURTO

Pode-se dizer que o auxiliar técnico Juninho Cearense também é um dos “homens de confiança” do treinador. Titular no meio campo do Fortaleza de Cruz, vice-campeão da Série B de 2002, ele relembra a dificuldade de um campeonato como aquele, muito similar à Segundinha do Paraense, com 26 times disputando duas vagas.

“O campeonato que jogaremos tem uma fase de grupos, mas a gente encara como se fosse no estilo copa, não liga. São muitas equipes para poucas vagas, não podemos nos dar ao luxo de perder uma partida pensando em outra, cada jogo tem um peso muito grande. Não existe nem mesmo margem pra um empate” conta o ex-camisa 10 do Fortaleza, que trabalhou por oito temporadas enquanto jogador com Luiz Carlos Cruz.

A regra dos sub-23 também motivou a vinda de Juninho, que por cinco anos trabalhou com as categorias de base do Ferroviária-CE. Numa competição com tão pouca margem de erro e com muitos jovens tendo que ser usados, ter alguém com a experiência do auxiliar técnico do PFC faz parte do trabalho montado desde o início. Juninho conta que foram 32 dias de “peneira” em Parauapebas, que resultou em quatro atletas nativos da cidade no elenco final.

O preparador físico William Schmidt também foi estrategicamente contratado para a disputa do Parazão Série B. Gaúcho, trabalhou com Cruz há quatro anos, quando foi contratado pelo futebol da Ásia: passou três anos no Japão, e mais um no Kuwait. Experiência e técnica de sobra que trouxe ao Parauapebas FC logo que voltou ao Brasil, coordenando um maquinário tecnológico de ponta.

Juninho e Schmidt compartilham de um mesmo desafio: trabalhar o físico de tantos jogadores vindos de diferentes localidades do Brasil, desacostumados com o clima úmido e quente de Parauapebas. Com um elenco “homogêneo”, nas palavras do auxiliar técnico, o condicionamento dos jogadores é algo a se observar minuciosamente ao longo do campeonato. (Juliano Corrêa)