Correio de Carajás

Seaspac vê dilema em manter venezuelanos em quarentena

Procurada esta semana pelo CORREIO, a secretária Assistência Social, Proteção e Assuntos Comunitários (Seaspac), Nadjalucia Oliveira Lima, respondeu que a questão dos venezuelanos em situação precária em Marabá é uma prioridade para a sua pasta. Isso, juntamente com a situação dos trabalhadores que tiveram renda afetada, está sendo monitorado pelo Município, garante. Nadjalucia está de volta às atividades depois dela mesma ter sido uma das vítimas da covid-19, na cidade, mas agora curada da doença.

Conforme Nadjalucia, os venezuelanos apresentam uma tendência a pedir nas ruas, seja dinheiro ou alimentos. Eles querem autonomia e não aceitam, por isso, que a Assistência Social interfira no seu modo de vida. “Os venezuelanos têm uma cultura de pedinte. Por mais que nós façamos a sensibilização, para que eles [os venezuelanos] não fiquem pelas ruas pedindo, eles não acatam”, argumenta a secretária.

Questionada pelo CORREIO quanto a possíveis medidas auxiliares para driblar o que ela chama de ‘cultura de pedinte’, Nadjalucia sustenta que a pasta por ela comandada estuda estratégias para tal. “Estamos elaborando um plano de ação para que possamos trabalhar alguma habilidade [nos venezuelanos] e, assim, eles não fiquem só na mendicância”, adianta. “Nós temos que empoderar esses venezuelanos com algo que eles se identifiquem, como artesanato ou algo assim, porque eles não têm o hábito do trabalho”, completa.

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Nadjalucia explica, ainda, que nas ações assistenciais a essa população, cestas básicas e itens de higiene foram distribuídos. “Eles vivem em outra dimensão e nós temos que, além de respeitar, acolher”, salienta ela. Marabá tem, atualmente, 35 venezuelanos pelas ruas. Eles desempenham diversas funções, mas se destacam nos semáforos com a prática de malabares.

Na Seaspac, a prioridade de atendimento em tempos de quarentena está sendo das categorias laborais mais prejudicadas pela crise, ao que sejam os garçons e os artesãos. Não muito distantes dessa realidade, porém, também estão os músicos. “Os garçons estão sendo atendidos com preferência, porque [eles] não têm a mínima condição de trabalho agora. Atendemos artistas, portadores de lúpus, portadores de doenças sexualmente transmissíveis e outros nesse modelo”, penhora Nadjalucia.

A Seaspac é responsável por intermediar a concessão de auxílios do governo às parcelas carentes da sociedade, como cestas básicas (300 famílias atendidas), enxoval para parturientes (100 famílias), aluguel social (50 famílias beneficiárias) e urnas funerárias (80 concessões), além de 70 passagens para traslados de corpos.

Sobre o abrigo dos idosos situado na Avenida Minas Gerais, Bairro Belo Horizonte, Lima esclarece que os profissionais que realizam o acompanhamento no Centro Integrado da Pessoa Idosa Antônio Rodrigues (Cipiar) estão tomando todos os cuidados, de modo a não transmitir a covid-19 para os assistidos. “Inclusive, as visitas foram suspensas e nem eu estou indo lá. Se eu for, sou barrada”, enfatiza. (Texto: Da Redação / Reportagem: Josseli Carvalho)