Entre as teorias sobre a existência de anjos, uma delas diz que eles, na verdade, são pessoas que cruzam nosso caminho para fazer o bem. Pois bem, a história que você vai ler agora fala sobre isso: um policial militar, de folga em sua casa, salvou a vida de uma criança recém-nascida, que estava engasgada. O policial cumpriu seu mister, de proteger e servir a sociedade e, desta vez, sem dar um tiro sequer. A arma que ele usou foi seu treinamento, sua proatividade e seu autocontrole.
O caso se registrou em um condomínio de Marabá, no sudeste do Pará, situado nas margens da BR-230 (Transamazônica), onde a dona Zelândia Santos Reis Albuquerque, de 32 anos, havia acabado de dar de mamar à pequena Vitória Valentina Albuquerque Reis, de apenas seis dias de nascida. Acontece que a criança engasgou e começou a ficar roxa. Zelândia nem sabia o que fazer e tampouco a jovem Joyce da Silva Bezerra, que estava ajudando a cuidar de Vitória. Só estavam as duas em casa e já passava da meia-noite.
No desespero, as duas se lembraram do vizinho, que mora no outro andar, e correram até sua casa, pedir socorro. Ao ouvir as batidas na porta, o 1º sargento José Augusto Alves de Sousa, da Polícia Militar, não estava apenas pronto. Ele estava mais do que pronto. Só que ele ainda não sabia disso.
Leia mais:Ao ouvir o pedido de socorro, J. Augusto aceitou a missão. Seu primeiro passo foi acalmar a todos na casa e, em seguida, colocou em seus braços a pequena Vitória, frágil, indefensa e asfixiando, lutando contra a morte, ainda nos primeiros dias de vida.
J. Augusto segurou a criança, de bruços, com uma mão, e com a outra começou a bater levemente nas costas dela. Fazia isso sob o olhar desesperado da mãe e da mocinha que lhe auxiliava.
Com quase 30 anos de Polícia Militar, J. Augusto não estava diante de criminosos, de um tiroteio, de conflitos urbanos, mas certamente se deparava ali com uma das missões mais delicadas de sua vida na “Briosa”. Sabia que não poderia errar, pois uma manobra malsucedida poderia custar a vida do bebê e talvez render um processo judicial contra ele, justamente agora que está perto de se aposentar.
Mesmo com esse turbilhão de sentimentos, J. Augusto manteve a calma e continuou manobra que aprendera e que inclusive já usara antes, mas em uma pessoa adulta e nunca numa criança.
Até que, de repente, Vitória começou a chorar. Ufa! “Meu coração estava batendo muito forte, mas quando eu vi que a Vitoria chorou, meu sentimento foi de alegria… Deus usa a gente. Ele só me usou, eu não tenho capacidade de fazer isso”, relata J. Augusto.
Emocionada, a mãe viu a filha recuperar sua cor, viu sua filha respirar, viu sua filha reviver. “Eu não tenho palavras pra dizer o que ele fez pela minha filha. Só Deus mesmo”, declarou, emocionada para a equipe de reportagem.
E falando em Deus, depois de passado o susto, dona Zelândia contou que o nascimento de Vitória foi fruto de um propósito espiritual, pois ela demorou sete anos para engravidar. Além disso, o pai de Vitória ainda não conhece a filha pessoalmente, pois é caminhoneiro e está viajando.
Todos esses ingredientes, esses sinais, revelam que a vida do bebê parece estar inserida em um plano maior. Não por acaso ela recebeu este nome (Vitória); não por acaso, J. Augusto haveria de estar ali por perto, como um anjo da guarda, sem asas, mas para que asas? Se a missão dos anjos que Deus colocou nessa terra deve ser cumprida aqui mesmo, com os pés no chão. (Chagas Filho e Evangelista Rocha)