Correio de Carajás

Samu: Travada a renovação de frota de ambulâncias

Serviço de âmbito federal, mas de responsabilidade tripartite, ou seja, mantida em 50% pela União, mas outros 50% pelos governos estadual e municipal, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) sofre com ambulâncias sucateadas em Marabá e é impedida de renovar a frota por simples burocracia administrativa. A Reportagem do CORREIO foi ontem (19) visitar o Samu de Marabá para saber como anda o serviço.

Segundo a enfermeira Valternice dos Santos Vieira, coordenadora geral do Samu na Região Carajás, a Prefeitura Municipal de Marabá já se comprometeu a adquirir ambulância, mas é necessária autorização do Governo Federal, que seria o responsável pela renovação de frota. As três ambulâncias de Marabá estão em funcionamento, mas já têm sete anos de uso.

“Pelo Ministério da Saúde já deveríamos ter tido renovação de frota, tanto pela quilometragem quanto pelo tempo de uso, mas estamos esperando porque não podemos simplesmente adquirir. Ambulância vem do Governo Federal e precisamos da anuência para ter o carro ou até mandarem o carro para a gente”, afirma

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Segundo ela, há mais de três a coordenação tenta solucionar a questão. “A PMM até se disponibilizou a comprar ambulância, mas o impasse é o Governo Federal autorizar. Não podemos apenas adquirir e adaptar. Estamos apenas dependendo de autorização e este processo está andando há três anos, mas a SMS tem se empenhado para isso, nessa negociação e estamos com a expectativa grande”.

Uma notícia boa, entretanto, é o projeto de descentralização do serviço. Valternice garante que há processo de reforma e construção de bases descentralizadas, ao menos uma no Bairro São Félix, para atender à população situada após a ponte da ponte rodoferroviária do Rio Tocantins, e uma no prédio onde seria a UPA, no Núcleo Cidade Nova. A terceira ambulância, que é uma UTI móvel, atualmente fica anexa ao Hospital Materno Infantil, na Marabá Pioneira.

Em média, mensalmente, o Samu atende 600 ocorrências apenas em Marabá. A regional recebe, ao todo, 3.500 chamadas por mês na região, a maioria não terminando em atendimento. “Existe protocolo para a regulação. Imagine se dessas 3.500 chamadas a gente demandasse nossas três únicas ambulâncias para atender, não teria como. Para regular isso temos dois médicos 24 horas na regulação, ao telefone, para fazer a triagem e decidir, inclusive, o tipo de ambulância que devemos enviar”, explica a coordenadora.

Valternice diz que Samu faz 600 atendimentos ao mês em Marabá

Ela destaca que duas das ambulâncias em Marabá são de suporte básica, as quais são enviadas para atendimento de ocorrências menos graves, contando com um técnico em enfermagem e um motorista que também é treinado para atendimentos. A terceira de suporte avançado é ocupada por médico e enfermeiro, além de um motorista. “Ela só sai para casos extremamente graves, são casos com risco eminente de morte. A gente faz as perguntas para sabermos que tipo de ambulância a gente vai mandar porquê de repente mandamos uma UTI que atende casos de alta complexidade para casos menos graves e ela pode estar ocupada quando a gente precisar realmente enviar ela em um caso extremo”.

As perguntas feitas pelo setor de regulação incluem, normalmente, se a vítima está respirando, se apresenta sangramento muito intenso, se há fratura exposta, se está desacordada, entre outras. “Às vezes as pessoas não entendem, precisamos saber se vai ambulância e qual o tipo de ambulância”, diz, dando dicas de como as pessoas devem agir em caso de acidentes com vítimas.

“Sempre importante isolar o local, manter a calma, ligar 192 e responder de forma calma e objetiva. Importante manter a calma porque o próprio médico pode orientar em alguma coisa enquanto o socorro não chega para estabilizar. O mais importante é manter a calma. Se for possível, também facilitar a chegada da ambulância, desobstruir a via”, ressalta.

Por fim, explica que muita gente atendida quer escolher o hospital para onde vai ser levada, mas não funciona desta maneira. A casa de saúde referência para o atendimento do Samu é o Hospital Municipal de Marabá (HMM) para casos menos graves e o Hospital Regional do Sudeste do Pará quando necessário.

“A definição é feita pelo médico regulador que acompanha desde a chamada até a entrega do paciente no hospital. Em via de regra, paciente grave, em risco eminente de morte ou especialidades que só há no Hospital Regional é levado para lá com o regulador ligando para o hospital e informando o tipo de paciente que vai chegar. Fora isso, o hospital de referência é o Municipal”.

Conscientização tem aumentado ao longo dos anos

Dois problemas que podem afetar diretamente a rapidez de um atendimento realizado pelo Samu são os trotes passados para o serviço de emergência e o trânsito. Nestes dois quesitos, diz Valternice dos Santos Vieira, os colaboradores do serviço têm percebido maior sensibilidade por parte da sociedade marabaense.

“Os trotes diminuíram muito de um ano para cá. Atualmente, um trote específico, desde a última semana, tem nos preocupado. Identificamos 42 ligações do mesmo número em que ou não falam nada ou usam palavras de baixo calão para os atendentes, o que atrapalha porque ocupa a linha para chamados importantes”, diz.

Ela afirma estar se verificando, ainda, maior atenção de condutores para abrir passagem quando ambulâncias estão com o sinal sonoro ligado. “Com as campanhas feitas não apenas pelo Samu, mas também pelos demais grupos de atuação que dependem disso, estamos sentindo esse respeito do trânsito quando estamos com os sinais visuais e sonoros ligados, o que antes não tínhamos”, observa.

Ela explica que quando o sinal sonoro está ligado é quando a equipe está indo para a ocorrência e precisa de tempo resposta menor. “Temos que chegar rápido ao local da ocorrência. Normalmente quando a gente volta com o paciente estabilizado ou estamos retornando para a base as sirenes estarão desligadas, o que também pode depender do estado do paciente”.  

(Luciana Marschall)