Correio de Carajás

Residentes do Cidade Jardim clamam por auxílio da gestão de Parauapebas

Foto: Divulgação

Dentre os manifestantes que acamparam em frente à Prefeitura de Parauapebas de terça (3) para quarta (4) estavam moradores do Bairro Cidade Jardim que denunciaram ações abusivas por parte de Loteadora Buriti, responsável pelo projeto do bairro.

Raimundo Nonato da Silva, aposentado e morador do Cidade Jardim, alegou que é vítima de taxações abusivas por parte da loteadora responsável pelas vendas de terrenos no bairro, e que intimidação é reproduzida em larga escala contra diversos residentes do bairro.

“O auxílio do governo [Aluguel Social] não é o bastante para pagarmos os juros cobrados pela empresa. Tentei negociar para pagar parcelas que eu conseguisse dar conta, não quero que me deem o lote, apenas quero pagar por ele. Mas não aceitaram negociação e só me falaram que iam tomar minha casa”, conta Raimundo, indignado com a irredutibilidade nas conversas, que chegaram a ser intermediadas no judiciário.

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O aposentado cita a Juíza de Direito Titular da 2ª Vara Cível e Empresarial da Comarca de Parauapebas, Eline Salgado Vieira, como “responsável pela dor de cabeça de toda a Cidade Jardim”. Ele conta que não houve audiência de conciliação com a Buriti, e que apenas recebeu ordem judicial para deixar o lote, onde já havia construído uma casa.

“Recorremos a um advogado, que mandou nosso processo para ser avaliado em Belém. Antes mesmo que recebêssemos uma decisão, um carro da Buriti mandou tirar todo mundo de casa, sem negociação. Sem caução, sem indenização”, relatou Raimundo, alegando que a casa estava sendo até mesmo alugada para outrem, e que foi necessário ameaçar derrubar a residência que ele mesmo havia construído para lá permanecer, caso contrário se tornaria “sem-teto”.

Raimundo Nonato relata a falta de diálogo para solução de problemas/ Foto: Mateus Cirilo
Raimundo Nonato relata a falta de diálogo para solução de problemas/ Foto: Mateus Cirilo

Em meio a tantas tramitações judiciais, Raimundo permanece incerto sobre a moradia. “Eles dizem que não têm como suspender a reintegração de posse, não tem renegociação, não tem subsídio, não tem Aluguel Social, fico sem o dinheiro que gastei para construir a casa… E o Darci (Lermen, prefeito) esteve em reunião conosco lá no Cidade Jardim, disse que era fácil resolver nosso problema, mas isso já faz oito anos”.

Sobre o assunto, a Assessoria de Comunicação do município afirmou, nesta quarta-feira (4), que os problemas alegados pelos moradores não receberam perspectiva de serem sanados. “Desde que anunciou a concessão do auxílio financeiro para o Cidade Jardim, a prefeitura se empenha para dar celeridade aos procedimentos, mas é necessário cumprir todas as etapas jurídicas”, afirma, acrescentando não poder conceder o benefício sem que os procedimentos legais sejam concluídos.

Jorge da Silva, presidente da Cooperativa dos Pequenos Agricultores do Cidade Jardim (Agrifampa) e uma das lideranças da comunidade, reclamou à Reportagem que ele e um dos colegas quase foram agredidos por um dos Guardas Municipais do turno da noite, enquanto durava o piquete, e que os ânimos só foram apaziguados quando o turno da manhã da GMP entrou em serviço. Uma determinação judicial encerrou a manifestação no final da tarde desta quarta. (Juliano Corrêa)