Correio de Carajás

Registro de AIDS aumenta cerca de 15% entre idosos no Pará, afirma Ministério da Saúde

Registro de AIDS aumenta cerca de 15% entre idosos no Pará, afirma Ministério da Saúde — Foto: Reprodução/EPTV

“Até hoje eu ainda não acredito que eu tenho isso”. O idoso de 64 anos que pediu para não ser identificado acaba de descobrir que tem HIV. Dados do Ministério da Saúde mostram um crescimento de 21,2% no índice de mulheres e de 13,7% de homens acima dos 60 que vivem no Pará e contraíram o vírus precursor da AIDS.

Na ONG Paravidda, referência na orientação e pessoas com o vírus, o número de idosos atendidos tem crescido. Explica Jair Santos, presidente da ONG que atende mais de 1500 pessoas atualmente.

A falta de diálogo sobre o sexo após os 60 anos dificulta a prevenção contra as Infecções Sexualmente Transmissíveis para quem chegou a “melhor idade”. Uma pesquisa na Universidade Federal do Pará (UFPA) levou em consideração o conceito de “letramento em saúde” para tentar entender o aumento deste índice nos últimos anos.

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Para a enfermeira que acaba de concluir a dissertação de mestrado há informações e campanhas preventivas, mas os idosos nem sempre entendem estes dados ou usam a informação que chega até eles. “Diante dos casos a gente se perguntou: ‘por que será?, será que tá faltando campanha pro idoso? Será que a campanha tá atingido ele, será que ele tá entendendo a campanha?’”, explica Alexandra Pompeu.

Ela entrevistou mais de 170 idosos de 60 a 90 anos que vivem em um bairro periférico de Belém. Pessoas que ganham certa de um salário mínimo e que estão “disponíveis” afetivamente, ou seja, a maioria disse ser solteira, viúva, separada ou vive só.

Entre eles, muitos alegaram não saber como usar preservativo, não entendem a diferença entre HIV e AIDS e também têm dúvidas sobre como se contrai o vírus. Alguns chegaram a afirmar que o HIV pode ser contraído por beijos e abraços, quando apenas pode ser transmitido por relações sexuais e transfusões de sangue.

“Hoje tem a longevidade, os grupos de passeio, bailes, fala de produtos vendidos em farmácia, estimulantes sexuais. O vovô tá namorando, conhecendo novas pessoas, sem falar sobre sexo é difícil prevenir o HIV entre eles”, acredita a pesquisadora. (G1/Pa)