A manhã desta sexta-feira (14) marcou um momento significativo para a criação da Universidade Estadual do Sudeste do Pará (Uesspa). No miniauditório da Universidade do Estado do Pará (Uepa), em Marabá, foi realizada a apresentação do projeto que estrutura a nova instituição. O processo, que teve início em 2022 com a formação de uma comissão de trabalho no campus marabaense, busca descentralizar o ensino superior e atender às demandas da região.
“Hoje é um marco histórico dentro desse processo, pois será apresentado à sociedade o propósito e a estrutura da Uesspa, que foi construída com base em amplas discussões e documentações”, explica Daniele Monteiro, coordenadora da Uepa em Marabá.

O movimento, batizado como “Pró-Uesspa”, reúne 80 entidades e órgãos públicos em apoio à criação da universidade, que agora segue para novas etapas de análise e viabilidade financeira antes da tramitação na Assembleia Legislativa do Estado (Alepa), conforme explica Daniele. A expectativa é que a descentralização fortaleça a formação profissional e a produção científica na região, reduzindo a dependência administrativa de Belém. “Esse desmembramento não é novidade e já aconteceu em outros estados, como no Maranhão, que possui duas universidades estaduais. A Uesspa será fundamental para expandir as oportunidades de ensino superior e pesquisa no sul e sudeste do Pará”, destaca a coordenadora.
Leia mais:Durante o evento, alunos da universidade demonstraram apoio à criação da nova instituição, destacando a necessidade de mais cursos e melhor infraestrutura no campus. Gabriela Santos Moreno, estudante de Licenciatura Letras Livres, ressaltou que a falta de professores impacta diretamente a formação dos alunos. “Às vezes a gente acaba não tendo a disciplina ofertada por falta de professor. Aí tem que estar pedindo para Belém, e até essa resposta chegar, às vezes já o prazo passou e a gente não consegue ter essa disciplina”, elabora.

Além da escassez de docentes, a estudante também aponta a limitação na oferta de cursos e programas de pós-graduação, como mestrados, obrigando muitos alunos a se deslocarem para Belém. Com a criação da Uesspa, a expectativa é que a região tenha mais autonomia acadêmica e ampliação das oportunidades de ensino superior.
DESCENTRALIZAR É NECESSÁRIO
“A gente precisa muito dessa nova universidade porque isso vai potencializar o Ensino Superior no Estado”, manifesta Ariel Medrado Barros, engenheiro ambiental formado pela Uepa, mestre e doutorando pelo Instituto Federal do Pará (Ifpa).

Com a criação da nova universidade, se abre uma janela de oportunidades para que o Ensino Superior na região sul e sudeste do Pará seja potencializado – e, por tabela, em todo o Estado. A divisão permite que novos cursos sejam criados e os que já existem recebam mais investimentos, uma vez que a receita também será ampliada.
Ariel cita como exemplo a Universidade Federal do Pará (Ufpa), que há dez anos teve o processo de divisão concretizado, culminando na criação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa). Desde sua fundação, a instituição de ensino prosperou, crescendo em número de cursos ofertados, alunos matriculados e campus implantados na região.
Além disso, ele acredita que, com a Uesspa, será possível a fixação de professores em Marabá, fortalecendo a pesquisa e a extensão e suprindo as dificuldades enfrentadas atualmente no regime modular. Ariel aponta que apesar da mobilização da comunidade acadêmica e da promessa do governador para a criação da Uesspa, o projeto ainda não foi encaminhado oficialmente ao governo estadual.
Segundo os defensores da nova universidade, a resistência parte da administração da Uepa em Belém, que ainda não enviou a proposta para aprovação. Para os articuladores, a Uesspa não representaria uma divisão do estado, mas uma descentralização necessária para democratizar o acesso ao ensino superior, gerar mais concursos para professores e impulsionar o desenvolvimento da região. “Esse é um sonho da nossa cidade e da nossa região, e sabemos o quanto essa universidade pode transformar a realidade local, assim como ocorreu com a Unifesspa”, afirma Ilker Moraes, vereador e presidente da Câmara Municipal de Marabá. Ele ressalta que o processo de criação da Uesspa tem sido acompanhado de perto pelo legislativo. O vereador ressalta que embora a responsabilidade pela criação da nova universidade seja do governo estadual, o município tem se mobilizado para apoiar a iniciativa.

Sendo o Pará um estado com uma grande extensão territorial e desafios de acesso à educação, Marabá se posiciona como polo estratégico para sediar a nova instituição e o vereador assevera que é preciso uma universidade que atenda melhor a população.
(Luciana Araújo)