Correio de Carajás

Portadores de fibromialgia cobram aplicação da lei municipal

Segundo o grupo local, os direitos garantidos na legislação aprovada em 2020 ainda não são aplicados em sua totalidade

Na manhã desta segunda-feira (4) um grupo de dez pessoas foi até a Câmara de Marabá para reivindicar a efetiva aplicação em Marabá das garantias da Lei Municipal nº 17.966, de 26 de março de 2020, a qual concede uma série de prerrogativas a quem sofre com a síndrome. A mesma lei criou no âmbito do Município o Dia da Fibromialgia.

A legislação obriga as instituições e autarquias públicas, assim como empresas do setor privado a disponibilizarem, durante todo seu expediente, o atendimento prioritário aos fibromiálgicos, além daqueles que recebem pagamentos de contas e bancos.

A reunião, inicialmente marcada para acontecer com o vereador Beto Miranda (PSD), presidente da Comissão de Saúde, foi desmarcada pelo próprio parlamentar e não foi comunicada ao grupo. Mesmo assim, a viagem não foi perdida pois outros dois membros da comissão, Ray Athie (PSD) e Pastor Ronisteu (PTB) conversaram com os pacientes na sala das comissões.

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Uma das importantes garantias da lei está na prioridade em vagas preferenciais em estacionamentos, por meio de adesivo ou cartão, que devem ser emitidos pela Prefeitura Municipal de Marabá, após a devida comprovação médica.

Esse, aliás, é um dos grandes motivos que o Grupo de Apoio aos Fibromiálgicos de Marabá (Gafim) decidir se reunir com os parlamentares. “Temos direito a filas prioritárias, assim como os idosos, gestantes, puérperas e autistas. Mas é preciso que a gente tenha uma identificação, precisamos de uma carteirinha, e está instituída na lei a confecção delas. Há mais de um ano estamos aguardando da Secretária Municipal de Saúde essas carteirinhas e até agora nada”, conta Caroline Tremblay, uma das integrantes do movimento.

Para o Correio de Carajás, ela informou que a previsão era para setembro de uma licitação para a confecção das carteirinhas. A licitação até saiu, mas ela afirma que na mesma semana foram informados de que havia sido cancelada.

“A pessoa responsável por esse assunto na secretaria não nos atendeu e nem nos respondeu mais. Então decidimos vir direto à Câmara para que pudéssemos conversar com os vereadores, explicar nossa situação e solicitar que eles façam essas cobranças junto ao poder Executivo”, destaca.

TRATAMENTO PARADO

Outro fator agravante que atinge diretamente os fibromiálgicos é que o tratamento ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sem reumatologistas há pelo menos 5 meses nas unidades públicas, o tratamento para os pacientes está totalmente parado na cidade.

“Os vereadores falaram que a SMS repassou a informação que não está tendo reumatologista porque os médicos que tem em Marabá não estão aceitando o contrato estabelecido. O pagamento é muito abaixo do piso salarial e a demanda é muito grande. Isso está prejudicando o tratamento de muita gente”, lamenta Caroline.

Ao final do encontro, o grupo conversou com a vereadora Cristina Mutran (MDB), esta também médica, e ela garantiu que irá fazer um pedido da tribuna para que durante a sessão eles possam explicar o que está acontecendo e para que as pessoas conheçam o que se passa com um portador da síndrome de fibromialgia.

Aqui, a comitiva com a vereadora Cristina Mutran que prometeu apoio

DOENÇA

Se manifestando com dor no corpo todo, principalmente na musculatura, a fibromialgia é uma síndrome clínica. Junto com a dor, ela trás sintomas de fadiga (cansaço), sono não reparador (a pessoa acorda cansada) e outros sintomas, como alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e alterações intestinais.

Uma das características que também podem ser percebidas é a grande sensibilidade ao toque e à compressão da musculatura pelo examinador ou por outras pessoas.

De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres. Não se sabe a razão porque isto acontece. Não parece haver uma relação com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa. Talvez os critérios utilizados hoje no diagnóstico da FM tendam a incluir mais mulheres.  A idade de aparecimento da fibromialgia é geralmente entre os 30 e 60 anos. Porém, existem casos em pessoas mais velhas e também em crianças e adolescentes.

O diagnóstico da fibromialgia é clínico, isto é, não se necessitam de exames para comprovar que ela está presente. Se o médico fizer uma boa entrevista clínica, pode fazer o diagnóstico de fibromialgia na primeira consulta e descartar outros problemas. (Ana Mangas)