Correio de Carajás

População da Fanta peleja de novo contra “muro da discórdia” e 4 vão parar na Delegacia

A peleja dos moradores do Bairro Araguaia, conhecido como Invasão da Fanta, com a Mineradora Vale ganha um novo capítulo na manhã dessa quinta-feira (03), quando a comunidade protestou contra os bloqueios dos acessos na muralha, e os servidores da empresa acionaram duas viaturas da Polícia Militar para tentar conter o manifesto. Quatro pessoas foram levadas para a Delegacia de Polícia Civil para prestar depoimento.

A Reportagem do Portal Correio foi acionada pelos moradores novamente, e ao chegar no local, se deparou com uma viatura da PM, que não demorou muito e logo deixou a área. Sobre isso, a população presente informou que quatro moradores foram levados para a 21ª Seccional Urbana de Polícia Civil, por estarem interrompendo o serviço, a pedido dos servidores da Vale.

Viatura da PM deixou o local assim que a Reportagem chegou / Foto: TV Correio

Foi possível perceber que algumas placas de concreto que seriam usadas para bloquear os acessos, foram danificadas, e segundo os moradores, os servidores da Vale os acusavam de serem os responsáveis, o que foi negado pela população.

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Placa de concreto danificada / Foto: Evangelista Rocha

O Portal Correio foi até a Seccional, onde ouvimos um dos moradores detidos pela PM, Jamerson Oliveira, que é promotor de vendas e reside na Rua dos Trilhos. “Passamos direto naqueles muros, e direto vemos placas quebradas lá. Eles dizem que fomos nós e que possuem fotos, mas eu não vi essas placas quebradas”, comenta Jamerson.

Jamerson considera um absurdo reunir tantos agentes militares por conta de um protesto de moradores / Foto: Zeus Bandeira

Sobre o pequeno protesto, Jamerson explicou que os moradores se reuniram apenas para impedir que a construção fosse feita, e tentar uma reunião para verificar outra solução para o problema. Em um primeiro momento, os funcionários interromperam a obra, porém, logo em seguida a PM foi acionada.

“Não fomos tratados com truculência pelos agentes, mas eu achei demais locomover duas viaturas para evitar que pais de família lutem pelos seus direitos. É exagero. Se fosse uma família precisando de uma viatura, acho que não iriam duas com tantos agentes, mas como foi a Vale, uma empresa de grande porte, eles foram. Achei um absurdo”, reafirma Jamerson.

Funcionários terceirizados da Vale também deixaram o local / Foto: Zeus Bandeira

Essa novela está longe de acabar, pois ao que tudo indica, os serviços da obra retornarão na sexta-feira (04), e os moradores permanecem reclamando que não estão sendo ouvidos. “Queremos mais dialogo, e menos polícia”, finaliza Jamerson.

VALE ESCLARECE

O Portal Correio solicitou um novo esclarecimento da mineradora, sobre essa nova situação ocorrida. A Assessoria de Comunicação da Vale encaminhou a seguinte nota:

“Empregados terceirizados da Vale trabalhavam no fechamento dos vãos ainda abertos no muro de proteção no km 730 da Estrada de Ferro Carajás, em Marabá, quando moradores contrários às atividades tomaram as ferramentas e ameaçaram colocar fogo em máquina no local. A Polícia foi acionada e investiga o assunto.

A empresa reforça que tem mantido permanente diálogo com a comunidade, esclarecendo sobre a construção do muro e reforçando sobre a importância da utilização das passagens oficiais, a fim de se evitar graves acidentes e garantir a segurança dos moradores dentro de requisitos legais.

A empresa esclarece ainda que mantém equipe de segurança ao longo de toda ferrovia, como parte das obrigações de vigilância à via férrea. A Vale permanecerá buscando o diálogo com a comunidade para tratar o assunto.”

Ainda segundo a população ouvida no local, eles persistirão na tentativa de evitar que os bloqueios nos acessos sejam feitos, uma vez que a reivindicação feita na última reportagem era a construção de um viaduto. (Zeus Bandeira)