A Câmara Municipal de Parauapebas (CMP) realizou na manhã de hoje, quarta-feira, 23, uma sessão solene alusiva a Campanha Outubro Rosa. A sessão contou com a participação de uma médica oncologista e de mulheres que venceram o câncer de mama, que são voluntárias do Instituto Vencendo o Câncer (Ivecan).
No hall de entrada do auditório, profissionais de saúde auxiliaram as mulheres a realizar o autoexame das mamas. Um dos momentos mais emocionantes foi o de depoimentos das mulheres que conseguiram vencer a batalha contra o câncer, que relataram a luta e o tratamento doloroso nas buscas pela cura.
Uma delas, Rosa, detalhou as dificuldades em busca do tratamento, realizado na capital do Estado. Ela, aliás, solicitou que o município olhe com carinho a criação de uma casa de apoio às vítimas do câncer em Belém. “O tratamento contra o câncer é muito doloroso e muitos não têm condições de pagar uma pensão para ficar e, muitas vezes, dormem ou descansam na rodoviária. Isso é desumano”, desabafou.
Leia mais:Hoje presidindo o Instituto Vencendo o Câncer, Socorro Plácido, também contou sua história de luta contra a doença, assim como de outras mulheres. Ela lembra que o Ivencan, criado por Edelves Carvalho, que morreu vítima da doença, é uma rede voluntários, que ajudam um ao outro.
“Nós não temos ajuda financeira de nenhum órgão. Vivemos da nossa própria contribuição, realizando bazares, feijoadas e vaquinhas para arrecadar dinheiro para ajudar quem precisa”, frisou Socorro, dando exemplo de uma mulher que, sem condições financeira, após fazer radioterapia, precisou ficar na rodoviária.
“Ela nos relatou que estava vomitando e com muito frio, descansando no banco da rodoviária, porque não tinha como pagar uma pensão. Nós nos mobilizamos, cada dando o que podia, e conseguimos arranjar dinheiro para enviar para ela. Então, peço ao governo e o poio de vocês, vereadores, para a implantação de uma casa de apoio em Belém. Porque é desumano o que essas pessoas, já fragilizada pela doença, passam”, frisou.
O relato das mulheres e a situação que passam as pessoas que precisam fazer tratamento em Belém e não têm condições comoveu os vereadores, que prometeram se engajar para que essa casa de apoio seja implantada. Joelma Leite (PSD) lembrou que essas reivindicações já foram feitas pela Câmara, mas sem resposta até agora do Executivo.
A vereadora Kelen Adriana (PTB) não segurou as lágrimas, ao lembrar dos depoimentos, e também ecoou o coro para que o município dê mais atenção à saúde das mulheres e a quem precisa fazer tratamento fora de domicílio. Eliene Soares (MDB) seguiu a mesma linha do discurso dos colegas e reforçou a luta para que o município amplie sua rede de atendimento oncológico, como a aquisição de um tomógrafo.
A coordenadora da Rede Cegonha, ligada à Secretaria Municipal de Saúde, mostrou os números da rede atendimento a mulher no município e disse que os números mostram que Parauapebas está dentro das metas previstas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), conforma previsto pelo Ministério da Saúde (MS). Segundo ela, não existe demanda reprimida para mamografia no município dentro das faixas etárias recomendas para a realização do exame.
O município tem apenas um mamógrafo na rede pública, que está instalado na Policlínica, onde é realizado os exames. Mas, segundo Gleice, tem conseguindo atender a demanda.
No caso do câncer de colo de útero, que é o que mais mata, ela diz que o município está abaixo da meta prevista, mas ressalta que isso ocorre porque as mulheres não estão fazendo o exame preventivo, como é recomendado. Por isso, ela pede às mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos que procurem um posto de saúde para fazer o exame de PCCU.
Mas essa facilidade na rede de atendimento posta pela coordenadora foi contestada pela presidente do Ivecan e alguns vereadores. Socorro Plácido disse que é grande o número de denúncias e reclamações pela morosidade no atendimento e realização de mamografia. “A realidade que nós vivemos é diferente da que foi posta aqui”, frisou.
O secretário municipal de Saúde, Gilberto Laranjeiras, também disse que o município está se empenhando no reforço a essa rede de atendimento e informou que em 2020 Parauapebas vai montar seu centro oncológico. “Esse é um compromisso nosso”, assegurou.
Ao final da sessão, os vereadores entregaram ao município as chaves simbólicas de uma unidade móvel de saúde, que vai atender as mulheres com exames preventivos, como contra o câncer de mame e colo de útero. A unidade vai ser adquirida com recurso de emenda parlamentar dos 15 vereadores e fará atendimento itinerante pelos bairros da cidade e zona rural. (Tina Santos)