Correio de Carajás

Oito menores participaram de massacre de membro de facção rival em Parauapebas

Na madrugada desta sexta-feira, 1º de janeiro, a Polícia Militar de Parauapebas apreendeu mais um adolescente envolvido na morte de Yardley Lima Martins Oliveira, o Dadá, de 19 anos, realizada com requintes de crueldade no dia 26 deste mês, às margens do Rio Parauapebas, filmada e divulgada em redes sociais.

O menor apreendido pela PM na primeira hora desta sexta-feira estava na área externa de uma quitinete pertencente a sua tia, no Bairro Jardim América, em Parauapebas.

A apresentação dele ocorreu na madrugada mesmo, durante o plantão da delegada Ana Carolina Carneiro de Abreu, que também é titular da Delegacia da Mulher e do Adolescente. Ela relembrou que o menor apreendido primeiro, há três dias, tinha 13 anos de idade e o encontrado na virada do ano tem 15 anos.

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O adolescente confessou à polícia que foi o responsável por esgorjar (corta a garganta) e tirar a cabeça da vítima. Ele revelou preparativos para o crime famigerado e disse que no último sábado, 26 de dezembro, ele e mais seis adolescentes do sexo masculino e uma do feminino (todos membros do PCC) estavam no Bar Opção. Dadá pertencia a uma facção criminosa rival da deles (Comando Vermelho).

A adolescente do sexo feminino, segundo narrou o menor de 15 anos apreendido, atraiu a vítima para a emboscada, a levou para o Rio Parauapebas na promessa de manterem relações sexuais. Os outros sete menores foram para o rio ao encontro deles.

Chegaram à margem do rio no domingo, por volta de 5 horas da manhã e torturaram Yardley das 5 da manhã até as 17 horas para que ele falasse sobre a facção a que pertencia (CV). Depois disso, eles esgorjaram a vítima até a morte e depois o jogaram no rio.

Entenda o caso

Em uma das gravações de vídeo, a vítima aparece viva, com as mãos amarradas para trás e sendo “entrevistada” por outra pessoa. Dadá assume pertencer a uma facção criminosa, mas afirma estar disposto a “rasgar a camisa”, ou seja, deixar a sigla, declarando que ela é “um lixo”. Ele confessa, ainda, que trabalhava vendendo droga para o grupo criminoso desde 2018. O responsável por gravar o vídeo e fazer as perguntas não identifica a qual grupo pertence.

O segundo vídeo já mostra o corpo de Yardley sem vida, às margens do Rio Parauapebas, não sendo possível identificar em que ponto da cidade. Nas imagens aparecem quatro homens e uma mulher que protagonizam cenas bárbaras.

Uma das pessoas bate diversas vezes com um pedaço de pau na cabeça da vítima, enquanto outros dois começam a decapitá-la com facas. A mulher e outro homem aparecem fazendo gesto do número três com os dedos. 

No último domingo (27), a mãe de Yardley procurou a 20ª Seccional Urbana de Polícia Civil e registrou boletim de ocorrência, informando o desaparecimento do filho, visto pela última vez às 19h40 do dia 25, quando saiu de casa, no Bairro Liberdade, para dar uma volta na cidade. O bairro é mencionado no vídeo em que a vítima ainda está viva. No final da manhã desta sexta-feira, os dois adolescentes já apreendidos suspeitos de praticar esse crime bárbaro ficaram de ser ouvidos em audiência de custódia no plantão do Fórum de Parauapebas. (Ronaldo Modesto e Ulisses Pompeu)