O câncer do intestino grosso é uma das principais causas de neoplasia maligna no ser humano. Atualmente, um adágio médico que o ser humano contemporâneo que somente tem câncer colorretal se for displicente, acomodado. Pois a prevenção, se dá através da história clínica familiar e através da colonoscopia diagnóstica.
A vigilância de câncer, no escopo das ações de controle das doenças não transmissíveis, apoiada nas informações de morbimortalidade obtidas pelos Registros de Câncer de Base Populacional, Registros Hospitalares de Câncer e pelo Sistema de Informações sobre Mortalidade do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde, fornece os subsídios para que os gestores monitorem e organizem as ações para o controle de câncer, bem como o direcionamento da pesquisa em câncer.
Os tipos de câncer mais frequentes em homens, à exceção do câncer de pele não melanoma, serão próstata (29,2%), cólon e reto (9,1%), pulmão (7,9%), estômago (5,9%) e cavidade oral (5,0%). Nas mulheres, exceto o câncer de pele não melanoma, os cânceres de mama (29,7%), cólon e reto (9,2%), colo do útero (7,5%), pulmão (5,6%) e tireoide (5,4%) figurarão entre os principais. O câncer de pele não melanoma representará 27,1% de todos os casos de câncer em homens e 29,5% em mulheres.
Leia mais:Por falarmos em câncer, é interessante que entendamos que é um problema de saúde pública O diagnóstico precoce contribui sobremaneira para aumentar a chance de cura e também para diminuir os altos índices de mortalidades pela doença. No caso de câncer de intestino grosso ainda é bastante incidente nas fases avançadas, por ser de crescimento insidioso e assintomático e pela falta de investigação diagnóstica pela grande maioria dos afetados.
Por este motivo, da mesma forma que é preconizado, no Brasil, o PCCU – Preventivo Contra o Câncer de Colo Uterino, e a Mamografia para se evitar o câncer de mama. Agora já faz parte do Protocolo Brasileiro de Prevenção do câncer de Intestino Grosso, também a prevenção contra o câncer de intestino grosso através da Colonoscopia, que tem a função diagnóstica primordial.
A colonoscopia é o exame endoscópico do intestino grosso feito através de um tubo flexível com múltiplas funções. Normalmente para o conforto do paciente, é realizado sob sedação permitindo ao médico a identificação do tumor, o diagnóstico através de biópsia e, eventualmente, a retirada de lesões intestinais. O método tem basicamente duas indicações: investigação de sintomas e rastreamento do câncer colorretal.
Na primeira situação, a colonoscopia é indicada pelo médico assistente para investigação de determinados sintomas, como alteração de hábito intestinal e dor abdominal. Uma das queixas mais importantes para indicação de uma colonoscopia é o sangramento anal. Neste caso, o médico deverá avaliar com cuidado o quadro clínico, considerando fatores como idade e história familiar de câncer de intestino grosso.
Além disso, antes de ser indicada uma colonoscopia de investigação, o paciente deve ser adequadamente examinado, incluindo o exame proctológico com toque retal. Na segunda situação, em contraste, o exame é realizado para rastreamento, ou seja, para detecção de uma eventual lesão em um indivíduo que não tem nenhuma queixa. Essa indicação se baseia no conhecimento que hoje se tem do processo de desenvolvimento do câncer de intestino.
Os tumores malignos de intestino, em sua maioria, se desenvolvem a partir de lesões precursoras benignas, chamadas de pólipos, o que pode ocorrer ao longo de um período de anos. Existe, portanto, um intervalo de tempo em que se pode, através da colonoscopia, detectar e retirar um pólipo antes que este tenha a chance de se tornar um tumor maligno. Com isso estaremos fazendo efetivamente a prevenção do câncer colorretal. O tema prossegue na próxima edição de terça-feira.
* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.