Correio de Carajás

O paciente cirúrgico com diabetes II

      Na edição de hoje prosseguimos com o tema paciente cirúrgico com diabetes. Os medicamentos orais podem ser, agentes hipoglicêmicos administrados por via oral que devem ser suspensos no dia da cirurgia. Os medicamentos com base na sulfoniluréia devem ser suspensos pelo menos 1 dia antes da cirurgia, uma vez que podem apresentar uma meia-vida prolongada.

      Em relação a Insulina, no pré-operatório, uma fração de metade a um terço da dose diária de insulina é geralmente administrada na forma de insulina NPH. Na manhã da cirurgia, deve-se administrar uma solução venosa na forma de gotejamento em solução contendo glicose para manter o metabolismo glicídico e prevenir a cetoacidose.

      Podem-se administrar doses intermitentes de insulina regular, no pós-operatório, nos casos de determinações frequentes do nível da glicemia, até que o paciente possa tolerar uma dieta regular e reassumir o esquema estável anterior. Por outro lado, pode-se utilizar uma solução parenteral de insulina-dextrose para manter uma normoglicemia.

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       Nas operações de emergência, os pacientes com diabetes e quadros cirúrgicos de emergência, como por exemplo víscera perfurada ou colecistite aguda, podem apresentar níveis bastante elevados de glicose secundários ao estresse ou à infecção em curso.

      Esses pacientes necessitam de correção do processo agudo antes que o diabetes seja compensado. Nos casos de hiperglicemia. Os níveis séricos de glicose devem ser monitorizados, tratando-se as alterações prontamente. Se possível, a glicemia deverá estar estável e abaixo de 250 mg/dl.

       Nos casos de Cetoacidose diabética, os pacientes com cetoacidose diabética estão hiperglicêmicos, cetóticos e acidóticos. Estão também desidratados, com reservas orgânicas baixas de potássio e sódio. Pode haver grande deficiência de água livre, secundária à diurese osmótica da glicosúria.

       A cetoacidose é mais bem compensada pela administração de soluções parenterais, insulina, bicarbonato e potássio. Deve-se adiar a operação até que a cetoacidose esteja, pelo menos, parcialmente resolvida, conforme avaliação pela melhora do pH, hidratação e correção do equilíbrio eletrolítico e dos níveis da glicemia.

      Nos quadros não-cetóticos hiperosmolares, o estresse da operação, infecção ou a carga elevada de glicose da hiperalimentação podem induzir comas não-cetóticos, hiperglicêmicos, hiperosmolares em pacientes com diabetes de início na idade adulta.

      O estado não-cetótico hiperosmolar não está associado com acidose; outrossim, é muito semelhante à cetoacidose diabética. Os princípios de tratamento são a administração de soluções parenterais, insulina e potássio, conforme a necessidade, bem como o tratamento de qualquer causa sub-jacente.

      Complicações operatórias podem surgir de acordo com a idade, infecções, controle inadequado da glicemia, doença macrovascular. Idade: O diabético geralmente tem idade fisiológica maior que a cronológica possa sugerir, devendo, portanto, ser tratado como paciente mais idoso.

      Infecções: Os diabéticos estão propensos a um índice maior de complicações infecciosas, tanto no local da ferida operatória quanto em outros locais. Cicatrização: A cicatrização das feridas tem probabilidade de estar prejudicada, em pacientes com controle inadequado da glicemia, secundária a alterações da matriz de partes moles, do tecido de granulação e de doença microvascular.

      Doença macrovascular:  Na presença de doença macrovascular, há maior probabilidade de problemas de cicatrização da ferida do que em pacientes não-diabéticos. No entanto, se o fluxo sanguíneo periférico não estiver prejudicado, é provável que a cicatrização da ferida evolua bem.

      O índice global de mortalidade para diabéticos submetidos a tratamento cirúrgico é de aproximadamente 2%. Quase 30% das mortes são o resultado direto de complicações cardiovasculares. O índice de mortalidade para procedimentos cirúrgicos emergenciais em diabéticos é várias vezes maior que o índice para procedimentos eletivos.

* O autor é especialista em cirurgia geral e saúde digestiva.

Observação: As opiniões contidas nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do CORREIO DE CARAJÁS.