Mulheres vítimas de violência doméstica, atendidas pela Patrulha Maria da Penha, que garante o cumprimento de medidas protetivas de distanciamento em Marabá, foram acolhidas pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher de Marabá (CONDIM), participaram de uma roda de conversa e receberam cestas básicas, que são fruto de um acordo judicial entre a jornalista Angelika Freitas e um comunicador local que há sete meses a agrediu verbalmente e a difamou nas redes sociais, diminuindo sua condição de melhor diante do mercado de trabalho.
Durante o encontro, as mulheres que hoje vivem protegidas de seus agressores, deram relatos emocionantes que mostram o quanto a sociedade ainda precisa evoluir no combate à violência contra a mulher.
Uma delas declarou: “Antes de eu ter um filho dele, começaram as agressões. Ele me batia de Havaianas no rosto. Aí ele me levou pra Goiânia pra gente trabalhar, a gente foi. Lá ele esquentava água pra me jogar né…”.
Leia mais:Outra relatou uma experiência que quase terminou em morte: “Um dia que nós bebemos juntos lá, ele zangou e me deu uma facada. Cortou aqui (no peito) e meu braço. Foi na época que a minha família chamou a polícia…”.
Uma simples frase é capaz de resumir o tamanho da prisão que muitas mulheres enfrentam. “Ele me batia quase todos os dias…”, relatou outra jovem mulher, vítima de um companheiro violenta.
Emocionada com os relatos e por todo esse contexto, Angelika trocou uma valiosa experiência com essas mulheres. “Todas nós estamos sujeitas a sermos vítimas de machismo dentro de casa ou fora. Que bom que isso aconteceu comigo, que hoje sou uma pessoa pública dentro da cidade, pra que a gente pudesse travar essa luta e eu queria que vocês se sentissem assim”.
Ao enaltecer a força de todas essas mulheres, a jornalista deixou claro que existe uma missão a ser cumprida por trás de todo esse ambiente violento que elas viveram. “Vocês têm uma missão em suas vidas. Escondendo o rosto ou não, com medo ou não, vocês têm essa missão de encorajar outras mulheres, porque a gente tem o compromisso de transformar a nossa dor em algo que seja bom para todas as gerações que vão vir, para nossas filhas, para nossas netas. Eu estou me sentindo muito pequeninha perto de vocês porque vocês são gigantes. O que aconteceu comigo foi só uma ponte pra histórias de verdade, de luta, como as de vocês”, discursou.
Por outro lado, Claudia Cilene, presidente do CONDIM, relatou a importância do momento. “Hoje elas conversaram e viram que dentro dessa troca há uma força, uma força de luta para encorajar outras mulheres a tomar atitude e dizer ‘eu me amo, eu não aceito mais esse tipo de violência contra a minha pessoa e também contra outras pessoas”, declarou.
Esse momento de interação, onde cada uma falou de suas dores e suas vitórias, fez com que todas saíssem de lá fortalecidas. “Que todas mulheres que largam seu parceiro, não tenham mágoa dele; mostra pra ele que você está sendo melhor do que ele, porque muitos a gente tem é dó mesmo”, disse outra vítima de violência.
O momento que marcou a reunião não foi exatamente a entrega das cestas básicas, mas foram as trocas de experiência e os abraços afetivos, que revelaram que, embora sejam sensíveis, elas são muito mais fortes do que imaginam, mais fortes até do que a violência que as cerca. (Da Redação)