Correio de Carajás

MST bloqueia trecho da Faruk Salmén em Parauapebas

Movimento usou pneus em chamas para interditar a Rodovia Municipal Faruk Salmén/ Imagens: Ronaldo Modesto

Moradores do assentamento Vila Palmares II, na zona rural de Parauapebas, interditaram na manhã desta segunda-feira (20), um trecho da Rodovia Municipal Faruk Salmén, a 22 quilômetros da sede do munícipio. Entre as pautas reivindicadas na paralização, estão a precariedade do asfalto na vila, da água potável, do transporte escolar e a falta de créditos para a produção agrícola.

No trecho, pneus foram dispostos ao longo da pista, alguns em chamas, além de tendas na lateral da rodovia, com cartazes e carros de som. Dos dois lados da rodovia, veículos de passeio e caminhões formavam filas, devido à passagem interditada. Viaturas de Polícia Militar também estavam presentes no local, mas conforme registrado nas imagens feitas pela Reportagem do CORREIO, o clima geral era de manifestação pacífica.

Viaturas da Polícia Militar estavam presentes no local

A mobilização desta segunda-feira foi realizada no intento de conversar com o prefeito ou com representantes do poder público do estado para resolver o problema da comunidade e da reforma agrária, explica Tito Moura, membro da direção estadual do Movimento Sem Terra (MST) Pará, responsável pelo assentamento. “Só assim a luta faz valer”, frisa.

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Questionado pela Reportagem sobre quais as pautas que o movimento está reivindicando, ele cita a falta de um prédio para a escola de ensino médio; a reforma da escola de ensino infantil/fundamental; a reorganização da vicinal; os ônibus escolares que não andam, o que ocasiona dificuldades para os alunos. Ele também cita a questão da agricultura (falta de créditos rurais), a ausência de pavimentação das ruas da comunidade e de água potável para os trabalhadores e moradores da Vila Palmares II.

Para além de chamar a atenção das autoridades, os manifestantes intentam receber os olhares da comunidade, especialmente dos comerciantes. Em um discurso acalorado, Tito afirma que em qualquer mobilização em prol dos moradores os comerciantes saem ganhando. “Nós temos que fazer uma corrente de solidariedade, para ter água aqui nesse local, para ter comida, e a gente permanecer. Porque é assim que a gente vai resolver o problema da nossa comunidade”. Ele frisa que caso essa ação não seja realizada, o movimento ficará desmoralizado diante do prefeito e do poder público.

“Se tiver de mudar o acampamento para dentro da prefeitura, nós vamos ou não vamos?”, questiona o diretor estadual, ao que as pessoas presentes respondem afirmativamente. “Nós vamos ter que estar organizados para esses momentos, saber para onde é que vamos, até chegar a hora de a gente fazer a negociação da nossa pauta (sic)”, ele assevera que a comunidade é composta por muitas pessoas, e que é possível dividir o movimento para que ele ocupe diversos espaços. A ideia da organização é prover as pessoas que estão na linha de frente da manifestação, com alimentos e água.

A rodovia foi interditada a partir das 5 horas e os manifestantes estavam liberando apenas ambulâncias. Segundo Tito, os demais transeuntes estavam colaborando com a comunidade. Ele finaliza pontuando que também almeja negociar com as empresas Monte Granito, Vale e Liga Minas, devido o impacto que elas causam no asfalto da região. (Luciana Araújo, com informações de Ronaldo Modesto)