Após uma reintegração de posse, realizada na última quinta-feira (23) em área próxima a nona fase de implantação do projeto Cidade Jardim, mais de 600 famílias do Movimento Dignidade Para Morar foram colocadas, novamente, em situação crítica. Agora, sem ter onde morar, eles ocupam escola municipal, também no bairro Cidade Jardim, à espera de uma resposta da Prefeitura de Parauapebas, que permanece de olhos fechados.
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Marcelo Rimé Vitalino está com as atividades paralisadas, uma vez que a volta às aulas presenciais está prevista para a próxima segunda-feira, 4 de outubro. Em meio à turbulenta reintegração de posse, realizada por um batalhão da Tropa de Choque da Polícia Militar, de Belém, e um final de semana chuvoso, o movimento viu na escola vazia a única possibilidade de não ficar ao léu mais uma vez.
A cozinheira Silvania Morais conversou com o Portal Correio de Carajás sobre a situação. Ela faz parte das 600 famílias que ainda esperam uma resposta do prefeito de Capital do Minério, e relata que a ideia de ocupar a EMEF Marcelo Rimé Vitalino surgiu depois que, na sexta-feira (24), uma chuva torrencial destruiu as já precárias barracas remanescentes no entorno da área em que o Dignidade Parar Morar estava ocupando.
Leia mais:“A chuva não cessava, até que um ônibus, vindo de um desconhecido que resolveu nos ajudar, nos auxiliou a ir até outro local. O primeiro lugar aberto foi esse galpão, onde a diretora nos recebeu muito bem, fazendo acordos que estamos cumprindo ao máximo. Quem perdeu tudo na chuva vai ficar por aqui até o prefeito ter dó de nós e fazer algo por esse povo” diz Silvania, pontuando mais uma vez a omissão da administração pública para com o movimento.
Silvania afirmou que nenhuma representação da Prefeitura Municipal de Parauapebas (PMP) entrou em contato com o movimento, e que a única ajuda recebida foi da população do Cidade Jardim, que se compadeceu com a situação que as famílias vivem. “Eles estavam muito ocupados este final de semana fazendo churrasco de peixe”, ironizou a cozinheira, se referindo ao 1º Festival de Peixe de Parauapebas, realizado no domingo (26).
“NÃO TEMOS PRA ONDE IR”
Ainda em via pavimentada, porém sem residências, em local próximo ao que foi reintegrado pela administração pública na última quinta, permanecem mais algumas famílias, sem muito o que fazer diante da situação. “Estamos pedindo socorro ao prefeito. Só ele pode nos ajudar” afirma Poliana Oliveira, manicure e uma das remanescentes no entorno do ex-acampamento.
Ao ser perguntada para onde foi o movimento após a reintegração, Poliana respondeu: “lugar nenhum, até porque não temos pra onde ir. A gente tá aqui porque precisa de um lugar pra viver. Mães de família, crianças, estamos todos esperando a ajuda do Darci. Venha até nós, prefeito; estamos prontos para recebê-lo de braços abertos e escutar o que você tem a nos oferecer, porque não estão fáceis os dias aqui”, conclama Poliana, em mensagem direta ao líder do Executivo de Parauapebas.
Com mais de 60 dias sem respostas da PMP, resta ao Movimento Dignidade Parar Morar esperar pela empatia de quem pode mudar sua realidade.
Em mais uma tentativa do Portal Correio de Carajás em receber explicações sobre o que será feito com o Movimento, foi solicitada nota oficial para a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, que, até a publicação desta notícia e, pela terceira vez seguida, (em relação a este mesmo assunto), não respondeu à solicitação. (Juliano Corrêa – com informações de Ronaldo Modesto)