Correio de Carajás

Motoristas de aplicativo paralisam serviço e pedem ajuste nas tarifas

As reivindicações se estendem para a segurança também / Foto: Evangelista Rocha

Cerca de 50 motoristas de aplicativo, promoveram uma paralisação para lutar contra o que classificam de “baixas taxas” das plataformas do serviço, que são cobradas aos usuários, e são consideradas por eles, insuficientes para manter o padrão de serviço exigido, tendo em vista o aumento das despesas. Os trabalhadores se reuniram na Praça da Bíblia, no Núcleo Cidade Nova, desde às 9 horas, sem um horário para encerrar.

Segundo Reginaldo Mota, delegado do Sindicato dos Motoristas de Transporte por Aplicativo do Pará (Sindtapp), a categoria pede que as plataformas revisem as tarifas mínimas, cobradas aos usuários, pois está sendo difícil manter os carros, com o aumento da gasolina, manutenção, além das exigências de veículos novos e dentro de padrões para atuarem.

Além de delegado do sindicato, Reginaldo também é motorista de aplicativo / Foto: Evangelista Rocha

“Está abaixando muito para o lado do usuário, e para nós está ficando difícil manter o serviço nos padrões que as plataformas pedem. Só com gasolina, eu que sou motorista também, gasto de 70 a 80 reais por dia. Queremos que as empresas cobrem valores correspondentes com as despesas que temos, para nos adaptar às exigências feitas”, explica Reginaldo.

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Segundo o motorista, além da revisão dos valores, também é cobrado mais segurança. “Temos diversos casos de colegas que foram roubados, tiveram seus veículos danificados por delinquentes, e foram até mesmo sequestrados. Nossa profissão está ficando perigosa”, comenta Reginaldo.

Paralisação não tem hora para acabar / Foto: Evangelista Rocha

Ele acrescenta que 90% dos motoristas que atuam nas plataformas, têm o serviço como fonte principal de renda, segundo uma pesquisa feita esse ano, pelo setor jurídico do Sindtapp. Foram coletadas 400 respostas, dos mais de mil motoristas que atuam em Marabá, conforme estima Reginaldo.

“Não queremos atrapalhar a vida do usuário, só queremos uma igualdade na cobrança dessas taxas, para que possamos entregar um serviço melhor, conforme as empresas requerem. Além disso, é difícil conseguir chamar a atenção das plataformas, se não juridicamente”, disse Reginaldo.

Nem todos os motoristas aderiram a paralisação, segundo Reginaldo / Foto: Evangelista Rocha

Vale lembrar que até o momento, a classe continua demandando junto à Prefeitura de Marabá para que as mudanças sejam feitas, e a profissão seja regularizada em âmbito municipal.

O Portal Correio solicitou um posicionamento das plataformas Uber e 99, as principais questionadas pelos motoristas. Sobre o assunto, a 99 respondeu em nota, que “está sempre aberta ao diálogo com os motoristas parceiros para o melhor relacionamento”, e esclarece “que o repasse é feito por duas variáveis: distância percorrida e tempo de deslocamento”.

Ainda segundo a empresa, no período mais crítico da pandemia da Covid-19, “focou em ações para garantir  geração de renda dos motoristas-parceiros sem interferir e limitar a atividade privada, como as as parcerias com governos onde 100% do valor da corrida era repassado ao motorista”.

Além disso, a nota acrescentou que a empresa “conta com o SOMOS, programa de relacionamento que reconhece o bom desempenho dos condutores parceiros e oferece incentivos como cursos de capacitação, parcerias com empresas de outros setores para benefícios, brindes e vantagens exclusivas”.

Em relação à segurança dos motoristas cadastrados, a empresa “destaca que investe continuamente em sistemas preventivos, ferramentas de proteção e atendimento imediato”, disse em nota.

Como formas de prevenção antes das chamadas, a 99 afirma que “atua com inteligência artificial, que verifica todas as chamadas, identificando padrões de comportamentos associados a incidentes (como horário, modo de pagamento e histórico do usuário). Essa soma de fatores resulta em um bloqueio automático ou a validação adicional de dados pessoais”, conforme a nota.

A nota finaliza dizendo que “durante o trajeto estão disponíveis funcionalidades como o compartilhamento de rotas, ligação para a polícia e gravação de áudio. Depois das viagens, com um recurso que permite bloquear o passageiro caso o condutor não queira se conectar com ele novamente em viagens futuras, e uma central telefônica 24h para emergências oferece apoio imediato em caso de necessidade”.

A Uber não retornou a solicitação até o fechamento dessa reportagem. (Zeus Bandeira e Evangelista Rocha)